
A federação não têm uma política para os centros (foto: Running4Women/ Licença Creative Commons)
A reputação do Quênia em produzir medalhistas de ouro no atletsimo sofreu um duro ataque esse semana, depois que agências internacionais noticiaram acusações de abuso sexual e negociações financeiras irregulares em campos de treinamento. Um dos maiores centros do país teve inclusive que ser fechado.
Nestes locais, muitos jovens quenianos deseperadamente tentam entrar no mundo do atletismo para escapar da pobreza. Com a promessa de grandes conquistas, o país tem testemunhado nos últimos anos um crescimento no número de centros de treinamentos, que não possuem apoio da federação nacional.
Noah Ngeny, campeão olimpico dos 1.500m em Sidney, foi uma das pessoas que esteve nos campos em julho e recomendou o fechamento. Estes lugares abrigam crianças entre 13 e 17 anos, a maioria meninas, que ficam sob responsabilidade apenas no treinador, sem nenhum acompanhante, comenta o atleta. Não vai ao encontro do que deveria ser um campo de treino, completa.
Ao contrário da Etiópia, por exemplo, que possui uma política de clubes estável, o Quênia não tem leis que regulem essses locais. Ao todo são mais de 25 clubes, a maioria no Rift Valley, sem água corrente e energia elétrica e geralmente controlado por um único homem, que acumula funcções de treinador, manager, agente, entre outras.
Isaiah Kiplagat, chefe da Athletics Kenya (AK), entidade governamental que rege a modalidade no país, disse que a organização não tem controle sobre os clubes, mas disse que em breve entrarão em vigor novas medidas. Já temos regras aprovadas pelo conselho da AK e implementamos um comitê para fazer com que os clubes as cumpram. Ainda segundo ele, os atletas têm que treinar sob condições harmônicas e num ambiente higiênico com separação para homens e mulheres. Pelas regras da Iaaf, os agentes não podem levar atletas para correr fora do país sem o consetimento da federação, mas muitos estão burlando essas regras.
David Koskei, um dos treinadores suspensos de suas atividades após seu campo ter sido fechado, desafiou a autoridade da Athletics Kenya. Eles não tem poderes para fechar meu campo. Vou perder oito atletas que dependem do lugar para a sobrevivência. O local fica em Kericho, a cerca de 350 quilômetros de Nairobi e é cercado por uma plantação de chá verde.
Francis Kamau, um conceituado treinador do país africano, acredita que as corridas de rua têm contribuido para a saída prematura de muitos corredores quenianos, e dá o exemplo de três jovens que foram tiradas de seus clubes locais e levadas para Eldoret em 2007. Essas meninas foram levadas, depois que lhes foi prometido um salário de 26 mil dólares por ano, o que não é verdade. Para Kamu, trata-se apenas de negócios. Eles levam os atletas para correr por dinheiro e em muitos casos não dão retorno ao clube que lhes formou.
Este texto foi escrito por: Webrun