Mulheres_Treinamento

Seis mil mulheres prestigiam o Circuito Vênus SP, no Jockey Club

Corridas de Rua · 08 mar, 2010

Ao contrário do que previa a meteorologia, a primeira edição de 2010 do Circuito Vênus foi disputada sem chuva e sob sol no último domingo (07/03) no Jockey Club de São Paulo. Na distância de 10 quilômetros, Cristina de Carvalho foi a melhor, enquanto nos cinco quilômetros Jucimara Félix dos Santos foi a campeã.

“Participei de praticamente todas as Vênus que aconteceram em São Paulo e venci algumas vezes. Nunca entro em uma prova achando que vou ganhar, o meu objetivo é a superação”, relata a competidora que comanda a equipe Projeto Mulher. “O Projeto conta atualmente com 200 alunas e, como o Circuito Vênus é voltado apenas para as mulheres, vem muito de encontro com os nossos objetivos”, finaliza a atleta que marcou 38min53. A segunda colocação ficou com Shirleide Oliveira e a terceira com Paloma Barbosa de Godoy.

Na prova de menor distância, Jucimara Félix dos Santos fechou o percurso em 18min38 e foi seguida por Ana Luiza dos Anjos Garcez, a Animal, e Irma Carlos. “Comecei a correr há pouco mais de três anos e essa é a terceira Vênus que eu participo”, relata a campeã. “Estou muito feliz com a minha primeira vitória e, sem dúvida, é a prova mais glamurosa que eu corro, porque ela é feita para nós, mulheres

O Circuito Vênus terá este ano mais três etapas, sendo duas no Rio de Janeiro (25 de abril e 15 de novembro) e mais uma em São Paulo (21 de novembro). As inscrições podem ser feitas no site oficial, o www.circuitovenus.com.br.


Seis mil mulheres prestigiam o Circuito Vênus SP, no Jockey Club

Corridas de Rua · 08 mar, 2010

Ao contrário do que previa a meteorologia, a primeira edição de 2010 do Circuito Vênus foi disputada sem chuva e sob sol no último domingo (07/03) no Jockey Club de São Paulo. Na distância de 10 quilômetros, Cristina de Carvalho foi a melhor, enquanto nos cinco quilômetros Jucimara Félix dos Santos foi a campeã.

“Participei de praticamente todas as Vênus que aconteceram em São Paulo e venci algumas vezes. Nunca entro em uma prova achando que vou ganhar, o meu objetivo é a superação”, relata a competidora que comanda a equipe Projeto Mulher. “O Projeto conta atualmente com 200 alunas e, como o Circuito Vênus é voltado apenas para as mulheres, vem muito de encontro com os nossos objetivos”, finaliza a atleta que marcou 38min53. A segunda colocação ficou com Shirleide Oliveira e a terceira com Paloma Barbosa de Godoy.

Na prova de menor distância, Jucimara Félix dos Santos fechou o percurso em 18min38 e foi seguida por Ana Luiza dos Anjos Garcez, a Animal, e Irma Carlos. “Comecei a correr há pouco mais de três anos e essa é a terceira Vênus que eu participo”, relata a campeã. “Estou muito feliz com a minha primeira vitória e, sem dúvida, é a prova mais glamurosa que eu corro, porque ela é feita para nós, mulheres

O Circuito Vênus terá este ano mais três etapas, sendo duas no Rio de Janeiro (25 de abril e 15 de novembro) e mais uma em São Paulo (21 de novembro). As inscrições podem ser feitas no site oficial, o www.circuitovenus.com.br.

Corridas femininas atraem mulheres com atrações exclusivas

Corridas de Rua · 08 mar, 2010

Colocar um short e participar de uma corrida de rua não era uma coisa natural até pouco atrás. Vaias, xingamentos e empurrões faziam parte dos desafios enfrentados pelas mulheres que resolviam participar desse tipo de prova. O tempo passou e o preconceito foi ficando para trás, tanto que elas hoje engrossam cada vez mais o número de inscritos nas competições, além de ganharem circuitos especiais, específicos para o público feminino. Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Webrun conta um pouco da história destas provas exclusivas.

Recentes provas como Circuito Vênus, Corrida da Mulher e o, ainda não lançado, Circuito Lótus, entre outros, preparam um evento especial para trazer mais fundistas para o esporte. Para isso, utilizam um extenso aparato de serviços de beleza, estética, nutrição, cuidados com a saúde, além de prêmios, brindes e um kit de corrida customizado para as atletas. “Queremos utilizar o espaço para uma experiência social, não simplesmente como corredora, mas como mulher também”, define Eliane Verdeiro, idealizadora do Circuito Vênus.

Todos os organizadores desse tipo de evento revelam que a motivação para a preparação de uma prova exclusiva veio do crescimento da presença delas nas competições mistas. Os parceiros para viabilizar os projetos foram surgindo, pois a explosão do número de corredoras nos últimos anos também incentiva os patrocinadores. O que se vê agora são diferentes circuitos oferecendo corridas especialmente para mulheres e elas tem aprovado a idéia. “Vamos combinar que é uma prova mais cheirosa, você vai e chama as amigas, curte os serviços”, conta Natália Yudenitsch, blogueira do Webrun.

Esse mercado já é desenvolvido há algum tempo nos EUA, Espanha, França e Cingapura. De acordo com Cristiana Siqueira, gerente de produtos do Circuito Lótus, o número de praticantes do esporte nos EUA cresceu mais rápido que no Brasil e, por isso, o segmento se desenvolveu antes lá. “A gente acompanhou que a faixa de mulheres na corrida já era a metade lá quando aqui era 20%. Então nós abrimos os olhos para isso porque é uma tendência”, explica Siqueira.

Eliane Verdeiro diz que estuda a idéia da prova feminina desde 2003, inclusive por ser atleta amadora. Em fevereiro de 2007, iniciou o desenvolvimento do projeto do Circuito Vênus e chegou a correr a Meia Maratona feminina de São Francisco nos EUA, em outubro daquele ano, com a intenção de pesquisar um evento dedicado às mulheres. “Fui conhecer, achei legal e pensei: porque não fazer aqui?” Depois, no início de 2008, lançou no Brasil a iniciativa que teve sua terceira edição no último domingo (07/03).

Outros eventos parecidos com o da Vênus surgiram, por exemplo, a Corrida da Mulher, no Rio de Janeiro, e continuam aparecendo, o Circuito Lótus será lançado em junho e realizará corridas em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Os organizadores da Vênus também dizem que, ainda em 2010, irão lançar o Circuito WRun, com menos participantes e uma agenda de serviços e palestras ainda maior. Apesar das novidades inseridas nessas competições, as corridas especiais para mulheres já acontecem há bastante tempo.

Foi por volta do início dos anos 80 que surgiram as primeiras Avon Running. Eliana Reinert, ex-atleta de elite que hoje é treinadora, foi campeã do circuito naquele ano e representou o Brasil durante a Maratona feminina de São Francisco nos EUA, em 1981. De acordo com ela, foi a partir daí que a valorização das atletas começou a melhorar no Brasil.

Eliana relata que como atleta profissional não sofria muito preconceito, mas para as amadoras que participavam das corridas de rua a situação era bastante diferente. “As mulheres eram cobradas por ficar se expondo em qualquer lugar. A São Silvestre era uma aventura, a gente saia no meio dos homens, não tinha segurança nenhuma, sem referencial do percurso”, relembra.

Para ela, as Avon Running foram fundamentais no início da valorização do sexo feminino no esporte. “Através desse circuito, que era mundial, tanto as atletas amadoras quanto as profissionais eram prestigiadas, foi o começo da corrida para mulheres”.

Depois dessa iniciativa, a luta pela prevenção ao Câncer de Mama motivou o surgimento de outro evento esportivo do mesmo tipo no fim dos anos 80. Eliana conta que sempre fez questão de participar da Corrida do IBCC Contra o Câncer de Mama. “Esses eventos estimulavam a conscientização do processo de amadurecimento físico, da importância da atividade física, da mulher estar atenta ao corpo, o que é muito importante”, aponta a treinadora. Hoje, a corrida Contra o Câncer de Mama é mista.

Panorama Atual - O número de inscritas nessas provas exclusivas continua aumentando a cada edição, o que demonstra que elas têm aprovado o investimento nos serviços e a dedicação oferecida durante essas competições. “Acho que o formato foi acertado. A mulher se sente privilegiada, é um diferencial para nós”, opina Fernanda Paradizo, corredora e blogueira do Webrun.

As corridas para mulheres geralmente tem um percurso de cinco ou 10 quilômetros, justamente porque são as distâncias que elas mais optam nas provas mistas. Os organizadores do Circuito Vênus preferem fazer a realização dos eventos em locais fechados para que elas se sintam mais seguras e à vontade. “Antes, 70% das participantes da Vênus só praticavam corrida na academia”, informa Eliane Verdeiro. Todas recebem, ainda, um kit especial com camiseta em tamanho escolhido e outros acessórios.

A blogueira Natália Yudenitsch confessa que, apesar de gostar das competições femininas, prefere disputar maiores distâncias, como uma Meia Maratona, por exemplo. Ela também diz que é interessante participar de corridas mistas para não criar um isolamento e conta que, em geral, não há problema com os homens. “Hoje, tem tanta mulher que até perdeu o inusitado e os homens, quando veem atletas cansadas no final do percurso de uma prova de longa distância, até incentivam para que elas suportem melhor”.

Eliana Reinert também levanta uma preocupação “Penso que todas essas iniciativas são válidas como incentivo, mas é importante não perder a seriedade da prova, a mentalidade da atividade física saudável. Não pode ser só para ganhar brindes e agrados. É preciso ênfase na saúde, no desempenho para inserir a corrida na vida da mulher”.


Corridas femininas atraem mulheres com atrações exclusivas

Corridas de Rua · 08 mar, 2010

Colocar um short e participar de uma corrida de rua não era uma coisa natural até pouco atrás. Vaias, xingamentos e empurrões faziam parte dos desafios enfrentados pelas mulheres que resolviam participar desse tipo de prova. O tempo passou e o preconceito foi ficando para trás, tanto que elas hoje engrossam cada vez mais o número de inscritos nas competições, além de ganharem circuitos especiais, específicos para o público feminino. Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Webrun conta um pouco da história destas provas exclusivas.

Recentes provas como Circuito Vênus, Corrida da Mulher e o, ainda não lançado, Circuito Lótus, entre outros, preparam um evento especial para trazer mais fundistas para o esporte. Para isso, utilizam um extenso aparato de serviços de beleza, estética, nutrição, cuidados com a saúde, além de prêmios, brindes e um kit de corrida customizado para as atletas. “Queremos utilizar o espaço para uma experiência social, não simplesmente como corredora, mas como mulher também”, define Eliane Verdeiro, idealizadora do Circuito Vênus.

Todos os organizadores desse tipo de evento revelam que a motivação para a preparação de uma prova exclusiva veio do crescimento da presença delas nas competições mistas. Os parceiros para viabilizar os projetos foram surgindo, pois a explosão do número de corredoras nos últimos anos também incentiva os patrocinadores. O que se vê agora são diferentes circuitos oferecendo corridas especialmente para mulheres e elas tem aprovado a idéia. “Vamos combinar que é uma prova mais cheirosa, você vai e chama as amigas, curte os serviços”, conta Natália Yudenitsch, blogueira do Webrun.

Esse mercado já é desenvolvido há algum tempo nos EUA, Espanha, França e Cingapura. De acordo com Cristiana Siqueira, gerente de produtos do Circuito Lótus, o número de praticantes do esporte nos EUA cresceu mais rápido que no Brasil e, por isso, o segmento se desenvolveu antes lá. “A gente acompanhou que a faixa de mulheres na corrida já era a metade lá quando aqui era 20%. Então nós abrimos os olhos para isso porque é uma tendência”, explica Siqueira.

Eliane Verdeiro diz que estuda a idéia da prova feminina desde 2003, inclusive por ser atleta amadora. Em fevereiro de 2007, iniciou o desenvolvimento do projeto do Circuito Vênus e chegou a correr a Meia Maratona feminina de São Francisco nos EUA, em outubro daquele ano, com a intenção de pesquisar um evento dedicado às mulheres. “Fui conhecer, achei legal e pensei: porque não fazer aqui?” Depois, no início de 2008, lançou no Brasil a iniciativa que teve sua terceira edição no último domingo (07/03).

Outros eventos parecidos com o da Vênus surgiram, por exemplo, a Corrida da Mulher, no Rio de Janeiro, e continuam aparecendo, o Circuito Lótus será lançado em junho e realizará corridas em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Os organizadores da Vênus também dizem que, ainda em 2010, irão lançar o Circuito WRun, com menos participantes e uma agenda de serviços e palestras ainda maior. Apesar das novidades inseridas nessas competições, as corridas especiais para mulheres já acontecem há bastante tempo.

Foi por volta do início dos anos 80 que surgiram as primeiras Avon Running. Eliana Reinert, ex-atleta de elite que hoje é treinadora, foi campeã do circuito naquele ano e representou o Brasil durante a Maratona feminina de São Francisco nos EUA, em 1981. De acordo com ela, foi a partir daí que a valorização das atletas começou a melhorar no Brasil.

Eliana relata que como atleta profissional não sofria muito preconceito, mas para as amadoras que participavam das corridas de rua a situação era bastante diferente. “As mulheres eram cobradas por ficar se expondo em qualquer lugar. A São Silvestre era uma aventura, a gente saia no meio dos homens, não tinha segurança nenhuma, sem referencial do percurso”, relembra.

Para ela, as Avon Running foram fundamentais no início da valorização do sexo feminino no esporte. “Através desse circuito, que era mundial, tanto as atletas amadoras quanto as profissionais eram prestigiadas, foi o começo da corrida para mulheres”.

Depois dessa iniciativa, a luta pela prevenção ao Câncer de Mama motivou o surgimento de outro evento esportivo do mesmo tipo no fim dos anos 80. Eliana conta que sempre fez questão de participar da Corrida do IBCC Contra o Câncer de Mama. “Esses eventos estimulavam a conscientização do processo de amadurecimento físico, da importância da atividade física, da mulher estar atenta ao corpo, o que é muito importante”, aponta a treinadora. Hoje, a corrida Contra o Câncer de Mama é mista.

Panorama Atual - O número de inscritas nessas provas exclusivas continua aumentando a cada edição, o que demonstra que elas têm aprovado o investimento nos serviços e a dedicação oferecida durante essas competições. “Acho que o formato foi acertado. A mulher se sente privilegiada, é um diferencial para nós”, opina Fernanda Paradizo, corredora e blogueira do Webrun.

As corridas para mulheres geralmente tem um percurso de cinco ou 10 quilômetros, justamente porque são as distâncias que elas mais optam nas provas mistas. Os organizadores do Circuito Vênus preferem fazer a realização dos eventos em locais fechados para que elas se sintam mais seguras e à vontade. “Antes, 70% das participantes da Vênus só praticavam corrida na academia”, informa Eliane Verdeiro. Todas recebem, ainda, um kit especial com camiseta em tamanho escolhido e outros acessórios.

A blogueira Natália Yudenitsch confessa que, apesar de gostar das competições femininas, prefere disputar maiores distâncias, como uma Meia Maratona, por exemplo. Ela também diz que é interessante participar de corridas mistas para não criar um isolamento e conta que, em geral, não há problema com os homens. “Hoje, tem tanta mulher que até perdeu o inusitado e os homens, quando veem atletas cansadas no final do percurso de uma prova de longa distância, até incentivam para que elas suportem melhor”.

Eliana Reinert também levanta uma preocupação “Penso que todas essas iniciativas são válidas como incentivo, mas é importante não perder a seriedade da prova, a mentalidade da atividade física saudável. Não pode ser só para ganhar brindes e agrados. É preciso ênfase na saúde, no desempenho para inserir a corrida na vida da mulher”.

Corredoras têm treinos gratuitos para Circuito Vênus

Corridas de Rua · 15 out, 2008

As corredoras que estavam na dúvida se participariam ou não da última etapa do Circuito Vênus em São Paulo, no dia 16 de novembro, por não estarem treinadas, agora não têm mais desculpa para não se inscrever. Isso porque a Nike vai oferecer treinos gratuitos para esse evento, que é exclusivo para mulheres e será realizado no Jockeu Club.

O benefício é uma parceria com a assessoria esportiva 4any1 e será oferecido a partir desse sábado (18) na entrada da Raia Olímpica da USP, das 9h às 11h, e têm o objetivo de preparar as corredoras para o desafio de cinco ou 10 quilômetros. Os treinos ocorrerão todos os sábados até o dia oito de novembro, semana anterior à competição.


Cada aula contará com uma programação completa, que envolve um bate-papo com o técnico sobre o tema do treino; um breve aquecimento; alongamento, treino; desaquecimento e alongamento ao final. Também haverá à disposição das corredoras alguns benefícios, como teste de produtos da marca, teste da pisada, massagens, além de isotônicos para repor as energias após a atividade física.

A Nike oferecerá ainda como benefício desconto em produtos nas lojas Nike Store. Para quem ainda não se inscreveu na corrida, basta acessar o site oficial da competição, o www.circuitovenus.com.br, mediante pagamento da taxa de R$ 70.


Corredoras têm treinos gratuitos para Circuito Vênus

Corridas de Rua · 15 out, 2008

As corredoras que estavam na dúvida se participariam ou não da última etapa do Circuito Vênus em São Paulo, no dia 16 de novembro, por não estarem treinadas, agora não têm mais desculpa para não se inscrever. Isso porque a Nike vai oferecer treinos gratuitos para esse evento, que é exclusivo para mulheres e será realizado no Jockeu Club.

O benefício é uma parceria com a assessoria esportiva 4any1 e será oferecido a partir desse sábado (18) na entrada da Raia Olímpica da USP, das 9h às 11h, e têm o objetivo de preparar as corredoras para o desafio de cinco ou 10 quilômetros. Os treinos ocorrerão todos os sábados até o dia oito de novembro, semana anterior à competição.


Cada aula contará com uma programação completa, que envolve um bate-papo com o técnico sobre o tema do treino; um breve aquecimento; alongamento, treino; desaquecimento e alongamento ao final. Também haverá à disposição das corredoras alguns benefícios, como teste de produtos da marca, teste da pisada, massagens, além de isotônicos para repor as energias após a atividade física.

A Nike oferecerá ainda como benefício desconto em produtos nas lojas Nike Store. Para quem ainda não se inscreveu na corrida, basta acessar o site oficial da competição, o www.circuitovenus.com.br, mediante pagamento da taxa de R$ 70.

Ana Luiza, a Animal: do submundo para o paraíso

Corridas de Rua · 04 jan, 2007

Ana Luiza dos Anjos Garcez, a corredora conhecida como “Animal”, já foi moradora de rua, usava drogas, mas através do esporte deu a volta por cima e se tornou uma atleta de ponta. Ex-moradora dos bancos do centro velho de São Paulo, ela está prestes a realizar um sonho: conhecer os parques de Walt Disney World, onde participará da Meia Maratona no dia seis.

São Paulo - Ana Luiza passou um bom tempo da vida na Febem, pois sua mãe não tinha para onde levá-la e a abandonou na instituição. “A mulher que me teve me levou para lá e depois que completei 18 anos me arrumaram um emprego de doméstica e me tiraram de lá”.

Porém, o que poderia ser o início de uma nova vida para Ana, foi o começo de um pesadelo. “Trabalhei cinco meses na casa da mulher e ela não me pagou”, conta. Tomada pela raiva de não receber o que lhe era devido, ela resolveu dar uma lição na patroa e roubou todos os pertences de valor da casa.

Ela então usou o poder de persuasão obtido nos anos que passou na Febem e pediu ajuda para um soldado do corpo de bombeiros, para embarcar em um ônibus de linha, coma as malas onde estavam os frutos do roubo. Ela seguiu rumo à Praça da República e distribuiu os objetos para os moradores de rua.

Vivência nas ruas - Com o tempo ela ganhou a confiança de todos na região e cheirou cola pela primeira vez: “Eu não gostei no começo, mas depois comecei a achar legal, mexia com a cabeça e dava barato”. Com o passar do tempo a cola não fazia mais efeito e ela partiu para outras drogas, como a cocaína e remédios para ficar acordada a noite inteira. “Se eu dormisse, tinha medo de alguém fazer algo errado comigo, como me estuprar”, lembra.

Ela começou então a roubar as pessoas para ter dinheiro para a comida e para as drogas; chegava por trás das vítimas e as ameaçava de morte caso não passassem a carteira e outros objetos de valor. Em um dos acessos de loucura provocado pela droga, ela subiu em um viaduto e quase se jogou. “Eu estava tão louca que achava que podia voar, ouvia o E.T. me chamar. Aí, tinha uma bicha que morava comigo, que me puxou e me jogou no chão”.

Conhecida como “Tia Punk”, ela chegou a ser ameaçada de morte por um grupo de trombadinhas, mas teve pulso forte e encarou os marmanjos. “Vai me matar por que? Se quiser matar, mate agora, atira na minha cabeça”. Porém, ela foi logo defendida pelo grupo que ela liderava e não houve conseqüências sérias.

Antes de sonhar em participar de corridas, Animal já caminhava grandes distâncias, sempre com o intuito de assaltar as pessoas. Fazia o trajeto entre São Paulo e Santos, vestida de prostituta para roubar e na volta dava uns trocados para os caminhoneiros em troca de carona.

Um dos locais de moradia de Ana era a laje do Centro Cultural São Paulo, na Rua Vergueiro. “Dormia com um cachorro lá, sentia o cheiro de churrasco e sonhava em um dia comer o que quisesse. Eu chegava nas padarias e restaurantes, me xingavam de vagabunda e me ameaçavam”.

Nas festas de natal e ano novo Ana juntava alguns pertences e comidas que pedia nas casas e fazia uma festa. “Eu ensinava para os garotos falarem direitinho, sem malandragem e pedir alguma prenda”.

Incentivo - O despertar para o esporte veio através do filme Carruagens de Fogo. “Estava na Rua Sete de Abril, vi o filme em uma loja, ouvi a música e falei que não queria mais ser moradora de rua”. Ela então imaginou que poderia correr, já que sempre fugia da polícia, mas foi desencorajada por seus colegas. Para provar que estava certa, mandou que eles roubassem tênis, roupa de corrida, o dinheiro para a inscrição e se aventurou na Maratona de São Paulo.

“Corri 42,195 metros em mais de seis horas. De repente vi o caminhão recolhendo os retardatários, mas não quis subir”. Ela relutou até o final e conseguiu completar a prova. Em seguida, roubou uma medalha e colocou no pescoço do trombadinha que duvidou que ela conseguiria finalizar. No dia seguinte ela sentiu as dores e o cansaço e jurou que nunca mais iria correr.

Porém, não teve jeito, ela foi picada pelo famoso bichinho da corrida e se empolgou, quando sabia que haveria uma corrida, logo se animava em participar. “Um dia eu coloquei na cabeça que ia sair da rua”, conta. Em uma de suas andanças pela cidade, ela estava no Parque do Ibirapuera, onde acontecia um check-up médico gratuito. “Pedi para fazer exame, porque podia estar com Aids”, conta.

Com a má educação e a agressividade que lhe era peculiar na época, ela relutou, mas deixou ser levada para um hospital e se submeter à baterias de exames. “Viram que meu VO2 era muito bom”, comemora. Uma emissora de televisão se interessou pela história de Ana e resolveu fazer uma matéria.

Sensibilizado com a história, o então Secretário Estadual de Esportes de São Paulo, Fausto Camunha, resolveu ajudá-la e a levou para morar no Centro Olímpico. “Tudo eu tinha medo e vergonha, as pessoas olhavam para mim e eu queria sair na mão”, lembra.

Por volta dos 24 anos, após vencer uma prova em sua categoria, na cidade de Bauru, ela se animou e começou a pegar firme nos treinamentos. Nessa época ela ainda usava drogas, mas sempre de forma escondida, para que ninguém descobrisse.

Fim das drogas - Por ironia do destino, os efeitos benéficos da corrida começaram a se confrontar com a abstinência da droga e Ana ficou com um lado do corpo paralisado por uma semana. “Deixei na mão de Deus me curar ou me fazer pagar os pecados. Depois que melhorei nunca mais quis usar drogas”, comenta.

Tendo em vista o potencial para atleta da ex-moradora de rua, Fausto pediu para que o treinador Wanderlei de Oliveira, um dos poucos especialistas em corridas na época, treinasse Ana. Diante da recusa do treinador por ela ser muito indisciplinada, ele pediu que o então Governador de São Paulo, Mário Covas, fizesse o pedido.

“Ela começou a ficar conhecida entre os corredores e os políticos e disse para o Fausto que queria treinar comigo. Certa vez me ligou no celular uma pessoa que se intitulou Mário Covas e pediu que a treinasse. Achei estranho, imaginei que fosse trote e desliguei”, comenta Wanderley de Oliveira.

“Após um tempo ligou uma mulher e disse ‘será que você poderia ser um pouco mais educado e atender o Mário Covas?’ Aí ela me disse que era realmente o Covas e eles queriam ajudar a Ana”, lembra o treinador.

Hoje, já “domada” e disciplinada, Animal conta como é o ritmo de treinos: “acordo às 5h, tomo água, como uma banana, corro na pista, faço treinos de coordenação e postura, alongo e faço alguns tiros. Depois eu descanso; rodo cerca de 10 quilômetros no parque Ibirapuera e depois faço musculação. À tarde volto para o parque e treino mais”.

Para participar da prova na Disney, Ana fez um penteado especial. No início pensou em deixar os cabelos no formato das orelhas da Minnie, mas mudou de idéia e colocou umas tranças com as cores da bandeira brasileira. “Vou com o Brasil na cabeça e no coração”, avisa.

Apesar da ansiedade em conhecer a terra encantada, ela diz que está bem focada na prova e só depois vai pensar no passeio. “Depois que eu correr vou pensar nas compras, adoro tênis e agasalho; quero comprar também um i-pod e tudo o que eu não tive direito”. Ela também conta que ao chegar na terra encantada vai se beliscar para ter certeza de que não é um sonho.

Sonhos e lembranças - O gosto pela corrida é tão forte em Ana Luiza, que ela gostaria de dar aulas para crianças sobre como correr e voltar a dar palestras sobre drogas. “Gosto de falar com as mães, para não deixar os filhos no semáforo pedindo dinheiro. Quanto mais você dá esmola para criança na rua, menos vontade ela vai ter de sair dessa vida”, alerta.

Hoje em dia ela passa pelas ruas onde morou e sempre encontra velhos amigos, que admiram o fato de ela ter dado a volta por cima. “Eles falam que eu sou guerreira, corajosa. Até hoje eu não vi ninguém que tenha se espelhado em mim, mas eu ficaria muito orgulhosa se visse”, comenta.

“Eu não me arrependo de usar drogas, fui criada sem carinho, via as crianças receberem visitas dos pais nos domingos e eu não tinha nada. E não é fácil sair dessa vida, a rua é só ilusão”, alerta. “Perdi muitos amigos na rua, alguns inclusive afogados na Represa Guarapiranga. Eles gritavam ‘tia punk, socorro’, mas eu não podia fazer nada, pois se entrasse na água iria me afogar também. Eu tenho saudades dos meus amigos, mas não da rua”, completa.

Com uma imagem de forte e aguerrida, Ana Luiza sempre lembra a sua história com orgulho, mas no final da entrevista, ao ser perguntada sobre os planos e sonhos para o ano que se inicia, os olhos se enchem de lágrimas. Emocionada, ela fala sobre os desejos: “meu sonho é arrumar emprego e morar numa casa. Também queria uma geladeira, pois não posso guardar nada para comer, que estrague fácil, como um leite ou iogurte”.

Animal lembra com carinho todos os que a auxiliaram e manda um agradecimento. “Quero agradecer a Run for Life, o meu padrinho Fernando Crespo, que sempre me ajuda; o Fausto Camunha, que mora no meu coração e o pessoal da Corpore. Também o pessoal do SET, do Hospital São Paulo; o Wanderlei; o Fernando; a Conceição minha cabeleireira, o pessoal da Federação Paulista de Atletismo e todos que me ajudaram”.

Wanderley de Oliveira, após se dar conta que as ligações que recebia em seu celular com pedidos para treinar Animal, eram realmente de Mário Covas, aceitou treinar a atleta. Ele conta como foi o duro processo de treinamento e reeducação.

“Ela me via nas corridas e colocou na cabeça que queria treinar comigo, mas sempre que eu a via nas provas ela estava brigando. Hoje ela é brincalhona, tira sarro, mas antes era bem diferente. Ela só queria saber de brigar e responder mal para as pessoas”, lembra Wanderley.

Ele conta que levou Animal para a pista, com o intuito de fazer o treinamento inicial, um pouco a contra gosto. “Relutei no começo, pois os meus clientes eram pessoas elitizadas e achei que ela fosse criar problema. Marquei um dia que não tivesse ninguém. Ela chegou com uma barriga enorme, cheia de vermes”.

Começo dos treinos - Levada para um fisiologista, ela ficou cerca de um mês tomando vermífugo, começou a morar no Constâncio Vaz e passou a receber ajuda do Pão de Açúcar. “Eles forneceram tratamento dentário, uma assistente social, aulas de boas maneiras e mandaram uma pessoa para acompanhá-la e dar cuidados especiais, a Mônica Peralta”, comenta o treinador.

Em 1999 ela ganhou um presente do Fausto e foi correr a Maratona de Nova York. Porém, ela não tinha inscrição e correu com o nome da jornalista Fernanda Paradizo. “Na ocasião ela ficou com o grupo Pão de Açúcar no hotel e se mostrou uma pessoa simpática, forte, vencedora e começou a ser aceita por todos”.

Hoje ela não sabe para onde vai, passa o natal na casa de um, ano novo na casa de outro, cada hora está num lugar. “As pessoas a têm como uma amiga”, diz Oliveira. “Todas as viagens que ela faz são as pessoas que ajudam, fazem uma vaquinha”, completa.

Consagração - Segundo o orgulhoso treinador, ela se tornou uma atleta de nível bom, sempre chega entre as primeiras. “Ela foi campeã com 43 anos da meia do Chile, em 2006 e praticamente todas as corridas que participou de 10.000m fez entre 38min30 e 39min15, o que é muito bom”.

A expectativa é que ela faça entre 1h25 e 1h24. “A gente nunca sabe o nível técnico da prova, mas é provável que ela chegue entre as cinco melhores. A campeã do ano passado fez 1h18, mas Animal não tem como fazer esse tempo, o melhor dela foi 1h22 em Buenos Aires. Eu disse para ela ser cautelosa nessa prova e não ter grandes expectativas” finaliza.

Um exemplo da evolução da corredora pôde ser comprovado no final do ano passado, ocasião em que ela finalizou o Circuito Corpore na primeira posição na categoria 40-44 anos. Durante a premiação, na prova de natal da entidade, Animal disse que trabalhou duro para conquistar esse resultado positivo.


Ana Luiza, a Animal: do submundo para o paraíso

Corridas de Rua · 04 jan, 2007

Ana Luiza dos Anjos Garcez, a corredora conhecida como “Animal”, já foi moradora de rua, usava drogas, mas através do esporte deu a volta por cima e se tornou uma atleta de ponta. Ex-moradora dos bancos do centro velho de São Paulo, ela está prestes a realizar um sonho: conhecer os parques de Walt Disney World, onde participará da Meia Maratona no dia seis.

São Paulo - Ana Luiza passou um bom tempo da vida na Febem, pois sua mãe não tinha para onde levá-la e a abandonou na instituição. “A mulher que me teve me levou para lá e depois que completei 18 anos me arrumaram um emprego de doméstica e me tiraram de lá”.

Porém, o que poderia ser o início de uma nova vida para Ana, foi o começo de um pesadelo. “Trabalhei cinco meses na casa da mulher e ela não me pagou”, conta. Tomada pela raiva de não receber o que lhe era devido, ela resolveu dar uma lição na patroa e roubou todos os pertences de valor da casa.

Ela então usou o poder de persuasão obtido nos anos que passou na Febem e pediu ajuda para um soldado do corpo de bombeiros, para embarcar em um ônibus de linha, coma as malas onde estavam os frutos do roubo. Ela seguiu rumo à Praça da República e distribuiu os objetos para os moradores de rua.

Vivência nas ruas - Com o tempo ela ganhou a confiança de todos na região e cheirou cola pela primeira vez: “Eu não gostei no começo, mas depois comecei a achar legal, mexia com a cabeça e dava barato”. Com o passar do tempo a cola não fazia mais efeito e ela partiu para outras drogas, como a cocaína e remédios para ficar acordada a noite inteira. “Se eu dormisse, tinha medo de alguém fazer algo errado comigo, como me estuprar”, lembra.

Ela começou então a roubar as pessoas para ter dinheiro para a comida e para as drogas; chegava por trás das vítimas e as ameaçava de morte caso não passassem a carteira e outros objetos de valor. Em um dos acessos de loucura provocado pela droga, ela subiu em um viaduto e quase se jogou. “Eu estava tão louca que achava que podia voar, ouvia o E.T. me chamar. Aí, tinha uma bicha que morava comigo, que me puxou e me jogou no chão”.

Conhecida como “Tia Punk”, ela chegou a ser ameaçada de morte por um grupo de trombadinhas, mas teve pulso forte e encarou os marmanjos. “Vai me matar por que? Se quiser matar, mate agora, atira na minha cabeça”. Porém, ela foi logo defendida pelo grupo que ela liderava e não houve conseqüências sérias.

Antes de sonhar em participar de corridas, Animal já caminhava grandes distâncias, sempre com o intuito de assaltar as pessoas. Fazia o trajeto entre São Paulo e Santos, vestida de prostituta para roubar e na volta dava uns trocados para os caminhoneiros em troca de carona.

Um dos locais de moradia de Ana era a laje do Centro Cultural São Paulo, na Rua Vergueiro. “Dormia com um cachorro lá, sentia o cheiro de churrasco e sonhava em um dia comer o que quisesse. Eu chegava nas padarias e restaurantes, me xingavam de vagabunda e me ameaçavam”.

Nas festas de natal e ano novo Ana juntava alguns pertences e comidas que pedia nas casas e fazia uma festa. “Eu ensinava para os garotos falarem direitinho, sem malandragem e pedir alguma prenda”.

Incentivo - O despertar para o esporte veio através do filme Carruagens de Fogo. “Estava na Rua Sete de Abril, vi o filme em uma loja, ouvi a música e falei que não queria mais ser moradora de rua”. Ela então imaginou que poderia correr, já que sempre fugia da polícia, mas foi desencorajada por seus colegas. Para provar que estava certa, mandou que eles roubassem tênis, roupa de corrida, o dinheiro para a inscrição e se aventurou na Maratona de São Paulo.

“Corri 42,195 metros em mais de seis horas. De repente vi o caminhão recolhendo os retardatários, mas não quis subir”. Ela relutou até o final e conseguiu completar a prova. Em seguida, roubou uma medalha e colocou no pescoço do trombadinha que duvidou que ela conseguiria finalizar. No dia seguinte ela sentiu as dores e o cansaço e jurou que nunca mais iria correr.

Porém, não teve jeito, ela foi picada pelo famoso bichinho da corrida e se empolgou, quando sabia que haveria uma corrida, logo se animava em participar. “Um dia eu coloquei na cabeça que ia sair da rua”, conta. Em uma de suas andanças pela cidade, ela estava no Parque do Ibirapuera, onde acontecia um check-up médico gratuito. “Pedi para fazer exame, porque podia estar com Aids”, conta.

Com a má educação e a agressividade que lhe era peculiar na época, ela relutou, mas deixou ser levada para um hospital e se submeter à baterias de exames. “Viram que meu VO2 era muito bom”, comemora. Uma emissora de televisão se interessou pela história de Ana e resolveu fazer uma matéria.

Sensibilizado com a história, o então Secretário Estadual de Esportes de São Paulo, Fausto Camunha, resolveu ajudá-la e a levou para morar no Centro Olímpico. “Tudo eu tinha medo e vergonha, as pessoas olhavam para mim e eu queria sair na mão”, lembra.

Por volta dos 24 anos, após vencer uma prova em sua categoria, na cidade de Bauru, ela se animou e começou a pegar firme nos treinamentos. Nessa época ela ainda usava drogas, mas sempre de forma escondida, para que ninguém descobrisse.

Fim das drogas - Por ironia do destino, os efeitos benéficos da corrida começaram a se confrontar com a abstinência da droga e Ana ficou com um lado do corpo paralisado por uma semana. “Deixei na mão de Deus me curar ou me fazer pagar os pecados. Depois que melhorei nunca mais quis usar drogas”, comenta.

Tendo em vista o potencial para atleta da ex-moradora de rua, Fausto pediu para que o treinador Wanderlei de Oliveira, um dos poucos especialistas em corridas na época, treinasse Ana. Diante da recusa do treinador por ela ser muito indisciplinada, ele pediu que o então Governador de São Paulo, Mário Covas, fizesse o pedido.

“Ela começou a ficar conhecida entre os corredores e os políticos e disse para o Fausto que queria treinar comigo. Certa vez me ligou no celular uma pessoa que se intitulou Mário Covas e pediu que a treinasse. Achei estranho, imaginei que fosse trote e desliguei”, comenta Wanderley de Oliveira.

“Após um tempo ligou uma mulher e disse ‘será que você poderia ser um pouco mais educado e atender o Mário Covas?’ Aí ela me disse que era realmente o Covas e eles queriam ajudar a Ana”, lembra o treinador.

Hoje, já “domada” e disciplinada, Animal conta como é o ritmo de treinos: “acordo às 5h, tomo água, como uma banana, corro na pista, faço treinos de coordenação e postura, alongo e faço alguns tiros. Depois eu descanso; rodo cerca de 10 quilômetros no parque Ibirapuera e depois faço musculação. À tarde volto para o parque e treino mais”.

Para participar da prova na Disney, Ana fez um penteado especial. No início pensou em deixar os cabelos no formato das orelhas da Minnie, mas mudou de idéia e colocou umas tranças com as cores da bandeira brasileira. “Vou com o Brasil na cabeça e no coração”, avisa.

Apesar da ansiedade em conhecer a terra encantada, ela diz que está bem focada na prova e só depois vai pensar no passeio. “Depois que eu correr vou pensar nas compras, adoro tênis e agasalho; quero comprar também um i-pod e tudo o que eu não tive direito”. Ela também conta que ao chegar na terra encantada vai se beliscar para ter certeza de que não é um sonho.

Sonhos e lembranças - O gosto pela corrida é tão forte em Ana Luiza, que ela gostaria de dar aulas para crianças sobre como correr e voltar a dar palestras sobre drogas. “Gosto de falar com as mães, para não deixar os filhos no semáforo pedindo dinheiro. Quanto mais você dá esmola para criança na rua, menos vontade ela vai ter de sair dessa vida”, alerta.

Hoje em dia ela passa pelas ruas onde morou e sempre encontra velhos amigos, que admiram o fato de ela ter dado a volta por cima. “Eles falam que eu sou guerreira, corajosa. Até hoje eu não vi ninguém que tenha se espelhado em mim, mas eu ficaria muito orgulhosa se visse”, comenta.

“Eu não me arrependo de usar drogas, fui criada sem carinho, via as crianças receberem visitas dos pais nos domingos e eu não tinha nada. E não é fácil sair dessa vida, a rua é só ilusão”, alerta. “Perdi muitos amigos na rua, alguns inclusive afogados na Represa Guarapiranga. Eles gritavam ‘tia punk, socorro’, mas eu não podia fazer nada, pois se entrasse na água iria me afogar também. Eu tenho saudades dos meus amigos, mas não da rua”, completa.

Com uma imagem de forte e aguerrida, Ana Luiza sempre lembra a sua história com orgulho, mas no final da entrevista, ao ser perguntada sobre os planos e sonhos para o ano que se inicia, os olhos se enchem de lágrimas. Emocionada, ela fala sobre os desejos: “meu sonho é arrumar emprego e morar numa casa. Também queria uma geladeira, pois não posso guardar nada para comer, que estrague fácil, como um leite ou iogurte”.

Animal lembra com carinho todos os que a auxiliaram e manda um agradecimento. “Quero agradecer a Run for Life, o meu padrinho Fernando Crespo, que sempre me ajuda; o Fausto Camunha, que mora no meu coração e o pessoal da Corpore. Também o pessoal do SET, do Hospital São Paulo; o Wanderlei; o Fernando; a Conceição minha cabeleireira, o pessoal da Federação Paulista de Atletismo e todos que me ajudaram”.

Wanderley de Oliveira, após se dar conta que as ligações que recebia em seu celular com pedidos para treinar Animal, eram realmente de Mário Covas, aceitou treinar a atleta. Ele conta como foi o duro processo de treinamento e reeducação.

“Ela me via nas corridas e colocou na cabeça que queria treinar comigo, mas sempre que eu a via nas provas ela estava brigando. Hoje ela é brincalhona, tira sarro, mas antes era bem diferente. Ela só queria saber de brigar e responder mal para as pessoas”, lembra Wanderley.

Ele conta que levou Animal para a pista, com o intuito de fazer o treinamento inicial, um pouco a contra gosto. “Relutei no começo, pois os meus clientes eram pessoas elitizadas e achei que ela fosse criar problema. Marquei um dia que não tivesse ninguém. Ela chegou com uma barriga enorme, cheia de vermes”.

Começo dos treinos - Levada para um fisiologista, ela ficou cerca de um mês tomando vermífugo, começou a morar no Constâncio Vaz e passou a receber ajuda do Pão de Açúcar. “Eles forneceram tratamento dentário, uma assistente social, aulas de boas maneiras e mandaram uma pessoa para acompanhá-la e dar cuidados especiais, a Mônica Peralta”, comenta o treinador.

Em 1999 ela ganhou um presente do Fausto e foi correr a Maratona de Nova York. Porém, ela não tinha inscrição e correu com o nome da jornalista Fernanda Paradizo. “Na ocasião ela ficou com o grupo Pão de Açúcar no hotel e se mostrou uma pessoa simpática, forte, vencedora e começou a ser aceita por todos”.

Hoje ela não sabe para onde vai, passa o natal na casa de um, ano novo na casa de outro, cada hora está num lugar. “As pessoas a têm como uma amiga”, diz Oliveira. “Todas as viagens que ela faz são as pessoas que ajudam, fazem uma vaquinha”, completa.

Consagração - Segundo o orgulhoso treinador, ela se tornou uma atleta de nível bom, sempre chega entre as primeiras. “Ela foi campeã com 43 anos da meia do Chile, em 2006 e praticamente todas as corridas que participou de 10.000m fez entre 38min30 e 39min15, o que é muito bom”.

A expectativa é que ela faça entre 1h25 e 1h24. “A gente nunca sabe o nível técnico da prova, mas é provável que ela chegue entre as cinco melhores. A campeã do ano passado fez 1h18, mas Animal não tem como fazer esse tempo, o melhor dela foi 1h22 em Buenos Aires. Eu disse para ela ser cautelosa nessa prova e não ter grandes expectativas” finaliza.

Um exemplo da evolução da corredora pôde ser comprovado no final do ano passado, ocasião em que ela finalizou o Circuito Corpore na primeira posição na categoria 40-44 anos. Durante a premiação, na prova de natal da entidade, Animal disse que trabalhou duro para conquistar esse resultado positivo.