Coliseu

Superação é o lema dos amadores na Pampulha

Na manhã do último domingo aconteceu a nona edição da Volta Internacional da Pampulha, competição que contou com quase 10 mil atletas, sendo a grande maioria amadores que buscam na corrida qualidade de vida. Para muitos a prova foi uma verdadeira superação a cada quilômetro e a vitória veio após os 17,8 quilômetros.

Belo Horizonte - A largada da categoria geral pode ser comparada à uma competição da Roma antiga, na qual os gladiadores entravam no Coliseu para desafiar os soldados do rei. As grades dos calabouços onde eles aguardavam a entrada na arena se assemelham aos staffs em cordão de isolamento; as faixas representam o local de onde cada um veio; o trajeto em torno da lagoa é a arena e o tiro de largada autoriza o início do combate.

Enquanto os gladiadores enfrentavam leões no Coliseu, os corredores “matam um leão” a cada quilômetro para se manterem no ritmo até o final e não desistirem. O forte calor é outro adversário perigoso, que deve ser derrotado com as armas disponíveis, como água, isotônico e protetor solar.

Os combatentes muitas vezes se juntam em grupos para aumentar as chances de sobrevivência, então era comum se deparar com casais, amigos e colegas de trabalho no trajeto.

Os soldados disfarçados de quilômetros pelo asfalto são vencidos pouco a pouco, já que o terreno é circular e plano, mas alguns combatentes não agüentam a pressão e ficam pelo caminho. Enquanto os gladiadores eram deixados para morrer sem dó no meio do Coliseu, aqui uma ambulância passava para recolher os prejudicados e os levava para o ambulatório.

Chegada - Os bravos guerreiros exaustos ouvem o locutor anunciar que a chegada está próxima e parecem se revigorar ao escutar os torcedores gritarem palavras de incentivo e aplaudirem. Finalmente o pórtico se aproxima, os últimos passos parecem ser os mais difíceis e, apesar de todas as dificuldades, a vitória chega e com ela a sensação de missão cumprida.

A gladiadora, ou melhor, a corredora Caroline Vasconcelos que esteve no Coliseu disfarçado de Lagoa da Pampulha pela primeira vez, chegou por volta do meio dia e comenta que “apesar do calor a prova foi bem organizada e tinha água em vários trechos”. Natural de Sete Lagoas (MG), ela corre há um ano e meio e já pensa em provas mais longas. “Com certeza espero estar na Meia Maratona do Rio ano que vem”.

Outra debutante no tão cansativo combate é Tatiana Figueiredo, que ainda ofegante diz que “o calor dificultou, mas foi legal. Sempre participo de provas de 10 quilômetros e sofri um pouco aqui”. Indagada se estaria pronta para encarar uma São Silvestre, ela fica em dúvida e diz que ainda precisa se preparar um pouco mais. “Pretendo treinar mais ano que vem e fazer uma meia antes de ir para a São Silvestre”.

Apesar de pretender correr 21 quilômetros antes de enfrentar os 15 da prova do dia 31 de dezembro, a mineira nem imagina que pode ficar tranqüila, pois as mudanças na São Silvestre beneficiaram as mulheres, que não enfrentam temperaturas tão altas.

Já a experiente Elaine Gazola veio para a Arena com o intuito de melhorar a performance e soube driblar bem os quilômetros pesados, o calor e os outros combatentes, para melhorar o tempo de 1h57 para 1h50 baixo.

“Eu treinei o ano todo com a expectativa de fazer um melhor tempo. Participei da segunda vez da Pampulha, mas sempre corro provas menores, de 10 quilômetros”, ressalta a atleta de Varginha (MG).

Depois de tanto esforço chega o tão sonhado prêmio, que na época dos gladiadores era ter a vida poupada e a liberdade da condição de escravo, enquanto nesta batalha era a medalha personalizada do evento, que precisava ser alcançada no topo da colina. Sob orientações explícitas dos staffs, todos passavam pelo funil e se dirigiam ao local de entrega do artefato, localizado em uma ladeira transversal à lagoa.

Muitos desistiram pelo caminho, outros cruzaram a linha de chegada e prometeram não voltar nunca mais a um desafio como esses, pois os reflexos no dia seguinte geralmente são dores musculares. Porém, quando a batalha é novamente anunciada no ano seguinte, a vontade de superar mais um desafio é tão grande, que eles retornam ao Coliseu para mais uma batalha.



Superação é o lema dos amadores na Pampulha

Corridas de Rua · 03 dez, 2007

Na manhã do último domingo aconteceu a nona edição da Volta Internacional da Pampulha, competição que contou com quase 10 mil atletas, sendo a grande maioria amadores que buscam na corrida qualidade de vida. Para muitos a prova foi uma verdadeira superação a cada quilômetro e a vitória veio após os 17,8 quilômetros.

Belo Horizonte - A largada da categoria geral pode ser comparada à uma competição da Roma antiga, na qual os gladiadores entravam no Coliseu para desafiar os soldados do rei. As grades dos calabouços onde eles aguardavam a entrada na arena se assemelham aos staffs em cordão de isolamento; as faixas representam o local de onde cada um veio; o trajeto em torno da lagoa é a arena e o tiro de largada autoriza o início do combate.

Enquanto os gladiadores enfrentavam leões no Coliseu, os corredores “matam um leão” a cada quilômetro para se manterem no ritmo até o final e não desistirem. O forte calor é outro adversário perigoso, que deve ser derrotado com as armas disponíveis, como água, isotônico e protetor solar.

Os combatentes muitas vezes se juntam em grupos para aumentar as chances de sobrevivência, então era comum se deparar com casais, amigos e colegas de trabalho no trajeto.

Os soldados disfarçados de quilômetros pelo asfalto são vencidos pouco a pouco, já que o terreno é circular e plano, mas alguns combatentes não agüentam a pressão e ficam pelo caminho. Enquanto os gladiadores eram deixados para morrer sem dó no meio do Coliseu, aqui uma ambulância passava para recolher os prejudicados e os levava para o ambulatório.

Chegada - Os bravos guerreiros exaustos ouvem o locutor anunciar que a chegada está próxima e parecem se revigorar ao escutar os torcedores gritarem palavras de incentivo e aplaudirem. Finalmente o pórtico se aproxima, os últimos passos parecem ser os mais difíceis e, apesar de todas as dificuldades, a vitória chega e com ela a sensação de missão cumprida.

A gladiadora, ou melhor, a corredora Caroline Vasconcelos que esteve no Coliseu disfarçado de Lagoa da Pampulha pela primeira vez, chegou por volta do meio dia e comenta que “apesar do calor a prova foi bem organizada e tinha água em vários trechos”. Natural de Sete Lagoas (MG), ela corre há um ano e meio e já pensa em provas mais longas. “Com certeza espero estar na Meia Maratona do Rio ano que vem”.

Outra debutante no tão cansativo combate é Tatiana Figueiredo, que ainda ofegante diz que “o calor dificultou, mas foi legal. Sempre participo de provas de 10 quilômetros e sofri um pouco aqui”. Indagada se estaria pronta para encarar uma São Silvestre, ela fica em dúvida e diz que ainda precisa se preparar um pouco mais. “Pretendo treinar mais ano que vem e fazer uma meia antes de ir para a São Silvestre”.

Apesar de pretender correr 21 quilômetros antes de enfrentar os 15 da prova do dia 31 de dezembro, a mineira nem imagina que pode ficar tranqüila, pois as mudanças na São Silvestre beneficiaram as mulheres, que não enfrentam temperaturas tão altas.

Já a experiente Elaine Gazola veio para a Arena com o intuito de melhorar a performance e soube driblar bem os quilômetros pesados, o calor e os outros combatentes, para melhorar o tempo de 1h57 para 1h50 baixo.

“Eu treinei o ano todo com a expectativa de fazer um melhor tempo. Participei da segunda vez da Pampulha, mas sempre corro provas menores, de 10 quilômetros”, ressalta a atleta de Varginha (MG).

Depois de tanto esforço chega o tão sonhado prêmio, que na época dos gladiadores era ter a vida poupada e a liberdade da condição de escravo, enquanto nesta batalha era a medalha personalizada do evento, que precisava ser alcançada no topo da colina. Sob orientações explícitas dos staffs, todos passavam pelo funil e se dirigiam ao local de entrega do artefato, localizado em uma ladeira transversal à lagoa.

Muitos desistiram pelo caminho, outros cruzaram a linha de chegada e prometeram não voltar nunca mais a um desafio como esses, pois os reflexos no dia seguinte geralmente são dores musculares. Porém, quando a batalha é novamente anunciada no ano seguinte, a vontade de superar mais um desafio é tão grande, que eles retornam ao Coliseu para mais uma batalha.