Rafael Sodré (à esquerda) procurou simular as condições de altitude do Cruce durante treinos (foto: Alexandre Koda/ www.webrun.com.br)
Dia oito de fevereiro Rafael Sodré, policial militar do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro e blogueiro do Webrun, terá pela frente seu maior desafio como atleta. Corredor desde 2009, o oficial experimentará na Cordilheira dos Andes um ambiente diferente daquele em que está acostumado a treinar e competir. Serão 100 quilômetros de corrida em três dias pelas montanhas andinas, passando por trilhas em que a baixa temperatura e a altitude serão os maiores perigos.
O Cruce de los Andes foi a prova escolhida pelo policial do BOPE para testar seu limite físico e psicológico. Vindo de um ano intenso de competições, Sodré colocou como objetivo para 2013 realizar provas de maneira consistente, sem prejudicar o seu corpo, já que o ritmo de trabalho vivido por ele é muito intenso.
Eu fiquei muito cansado com o ritmo de competição de 2012. Eu trabalho em uma escala de 24 horas para 72 horas de folga, então preciso estar com o corpo sempre bem preparado. Foi o ano todo de atividade, então só comecei a minha preparação específica para o Cruce no começo do 2013, afirma.
Simulação completa– Como parte do treinamento para as trilhas que passarão pelo Chile e levarão os ultramaratonistas do Cruce até a Argentina, Sodré procurou lugares e meios de simular todas as adversidades que poderá encontrar nos territórios desconhecidos.
Usando o conhecimento que adquiriu com o BOPE de se preparar exaustivamente para qualquer situação, Sodré foi em busca de locais que pudessem forçar seu corpo da mesma maneira que as montanhas andinas farão.
Nos meus treinos de rodagem eu procurava passar por lugares com grama, barro, areia, subidas. Eu até cheguei a ir para Teresópolis para subir a trilha da Pedra do Sino, que tem mais de 2.300 metros de altitude, resume o policial.
Durante o período de preparação, o policial conta que conseguiu rodar o equivalente a três quartos do trajeto total da ultramaratona em um final de semana. Outra simulação que fiz para chegar o mais próximo possível das condições de ar rarefeito foi treinar com uma máscara de altitude, explica.
Altitude e temperatura– Rotineiramente Sodré tem uma carga de trabalho diferenciada até para policiais de elite. Integrante do Grupo de Resgate e Retomada do BOPE, o atleta se diz confortável com o fato em ter de passar longos períodos de tempo com uma mochila nas costas, sem alimentação e lugar adequado para dormir. Por ter de trabalhar sem descanso, sempre muito atento, eu estou acostumado com esse tipo de dificuldade. O acampamento não é um problema para mim, estou tranquilo quanto a isso.
Para o carioca os inimigos durante o percurso serão a altitude e também a baixa temperatura durante a prova. Diferentemente do que fez quando disputou <a href=/corridasderua/n/policiais-do-bope-usam-corrida-como-projeto-social-nas-favelas-do-rio/14321 target=_blanka Meia Maratona de Bariloche Llao Llao 21k, Sodré quer ter mais tempo para se adaptar com o clima e do local de largada. Já no dia quatro eu embarco para lá (Chile), para conseguir me adaptar bem com o clima e também o ar (rarefeito). Eu não estou apreensivo, estou sim ansioso para correr, explica, lembrando que o calor intenso e o nível do mar do Rio de Janeiro são fatores antagônicos aos que ele encontrará durante o Cruce.
Apesar de embarcar para Cruce com o objetivo de se divertir, Sodré garante que terá a mesma postura de um caveira durante os 100 quilômetros de percurso. Vou para a prova com o mesmo espírito que eu tenho no meu trabalho, espírito de superação e com foco de terminar a prova. Caso algum corredor que esteja por lá precise de minha ajuda, eu estarei de prontidão e companheirismo não vai faltar, conclui.
Este texto foi escrito por: Renato Aranda