Atletismo · 18 set, 2008
Freqüentemente vemos na imprensa notícias sobre atletas que dependem de um resultado de exame de imagem para saber se participarão ou não de uma competição.
Naturalmente, surge uma expectativa muito grande por parte do atleta antes de realizar um exame de imagem, como, por exemplo uma ressonância magnética, porque esse exame geralmente é mesmo decisivo. Há um medo de ser "cortado" de uma escalação ou de ser vetado para uma prova. E isso acontece seja ele atleta profissional, amador ou recreativo. Em muitas situações não participar de uma determinada prova, jogo ou competição pode ser realmente muito frustrante.
Porém, o esportista com dor, aguda ou crônica, precisa passar em consulta com um médico especialista em busca de tratamento. Entre fugir do diagnóstico de uma possível lesão e enfrentar de frente esse problema, este último é o mais recomendado. O esportista deve entender que essa é a oportunidade dele saber se ele tem ou não uma lesão.
Se os exames de imagem não mostrarem lesão alguma, o atleta ficará aliviado imediatamente e, depois de receber a orientação médica e algum tratamento, poderá retomar as suas atividades esportivas. No caso de um exame detectar a lesão, o atleta deve ver isso de uma forma otimista, pois com o diagnóstico preciso nas mãos, o seu médico poderá no ato programar o melhor tratamento: conservador (clínico) ou cirúrgico.
Exames como a ressonância magnética do sistema músculo-esquelético definem o tipo de uma lesão, seu grau ou gravidade e sua extensão. As informações obtidas pela ressonância são valiosíssimas para o médico do atleta, especialmente quando o exame diagnosticar uma lesão num estágio inicial, ou leve. Isso porque, com o tratamento que virá em seguida, o atleta terá a chance de evitar que essa lesão se agrave e, provavelmente, o retorno ao esporte será mais breve.
O esportista deve saber que lesões crônicas (de longa duração) são muito mais difíceis de serem tratadas pelos médicos do que lesões em estágios iniciais. O tratamento de uma lesão crônica poderá ser conseqüentemente mais longo e o retorno às atividades esportivas será ainda mais retardado.
Dois exemplos de lesões em que a ressonância magnética define sua gravidade e extensão:
1) Condromalácia Patelar: é uma alteração na cartilagem articular da patela (antiga rótula). Pessoas normais têm essa cartilagem de uma determinada espessura, sem nenhuma alteração de sua textura. Classificamos a condromalácia patelar em quatro estágios. Para simplificar, são estágios em que a cartilagem patelar vai progressivamente se afilando, portanto perdendo a sua função, até o estágio final, em que há perda total da espessura da cartilagem com exposição óssea (grau IV);
2) Síndrome do Estresse Tibial Medial ("canelite"): também é classificada em quatro graus, com sintomas às vezes parecidos. Se não for adequadamente diagnosticada e tratada, pode evoluir para os estágios seguintes até o grau IV, que é a fratura por estresse.
Se nem sempre é possível prever ou prevenir uma lesão no esporte, pelo menos podemos diagnosticar com bastante eficiência as lesões já existentes. Os exames de diagnóstico por imagem são úteis e muitas vezes essenciais para o diagnóstico precoce destas lesões e devem ser realizados quando solicitados pelos médicos.
Atletismo · 11 ago, 2008
Saiba o porquê importantes lesões podem não ser diagnosticadas pelo método da ultra-sonografia.
São Paulo - A versatilidade do trabalho do radiologista envolvido com lesões nos esportes é a possibilidade de dispor de vários métodos de exames de imagem para se obter um diagnóstico definitivo. Dependendo do tipo de lesão suspeita, faremos naquele atleta uma radiografia, ultra-sonografia (US), tomografia computadorizada ou ressonância magnética (RM).
É muito comum realizarmos algum outro exame após as chamadas "radiografias iniciais". A seleção de um ou outro método de diagnóstico por imagem depende da região do corpo a ser estudada e em qual estrutura anatômica há suspeita de lesão. Poderemos usar um exame apenas ou uma combinação de um ou mais deles.
A US é um método que se difundiu enormemente no Brasil, principalmente com a melhoria de seus equipamentos, no final dos anos 80. Enquanto a RM não chegava ao Brasil, a US, por utilizar um equipamento bem mais acessível, e de fácil operação, foi ganhando seu espaço no diagnóstico de várias doenças e também de lesões ortopédicas, traumáticas e do esporte.
Quando a RM chegou, trouxe melhorias inegáveis para o diagnóstico das lesões em articulações, especialmente as que ocorrem com atletas. A grande vantagem que a RM apresentava sobre todos os demais métodos de diagnóstico por imagem é que, basicamente, demonstrava com definição e alta sensibilidade detalhes de estruturas anatômicas intra-articulares (meniscos, cartilagem, ligamentos), além de, naturalmente, também analisar as estruturas estudadas pela US (músculos, tendões).
Ainda hoje a US é um excelente método para algumas avaliações em esportistas: controle de lesão muscular, análise de tendões (tenossinovite, tendinopatia), derrame articular, etc.
Contra-indicações - Porém, a US tem limitações próprias do método, da sua tecnologia: como a US utiliza ondas ultra-sônicas, estas têm um alcance que depende da resistência física das estruturas do corpo. Explicando melhor: tecidos moles deixam o feixe acústico do ultra-som "passar", enquanto que estruturas rígidas, como o osso, "barram" esse feixe.
Aceitando-se as limitações físicas da US, compreende-se que este método seja utilizado para regiões do corpo acessíveis e para o diagnóstico de estruturas superficiais.
Haverá situações em que a US não conseguirá produzir imagens: estruturas intra-articulares (cartilagem, meniscos, alguns ligamentos), ossos (o osso reflete fortemente a onda ultra-sônica e não permite ver seu restante), etc.
Dessa forma, sabe-se que apesar do ótimo poder de diagnóstico da US para alguns tipos de lesão no esporte, este método é insuficiente para se "fechar o diagnóstico" de importantes tipos de lesões, como por exemplo: lesões meniscais e de outras fibrocartilagens (triangular, lábio glenoidal no ombro e do acetábulo no quadril), lesões de cartilagem articular, como condromalácia patelar no joelho e lesões osteocondrais, osteoartrose, lesão dos ligamentos cruzados do joelho e de alguns do tornozelo, instabilidade no ombro, fraturas, etc.
Assim, um resultado de US "normal" é normal para as estruturas que este método é capaz de diagnosticar. Se naquela região examinada, por exemplo, joelho, houver áreas inacessíveis ao feixe do ultra-som, deve-se ter em mente que várias outras lesões podem estar fora da capacidade de diagnóstico da US. Nos casos onde houver dúvida sobre o resultado de uma US, ou que a lesão é de estrutura de características especiais ou de localização difícil, o exame de RM é o mais indicado para complementar o diagnóstico.
Um exame de RM abrange toda a articulação e sua definição de imagem permite a identificação e o diagnóstico de praticamente todas as estruturas intra-articulares. Se ainda assim houver casos de dúvida, consulte sempre o seu médico.
Atletismo · 13 jun, 2008
Lesões no calcanhar em corredores e atletas em geral podem ter várias origens, porque nesta região há diferentes estruturas (ossos, cartilagem, tendões, ligamentos, músculos). Portanto, vários diagnósticos são possíveis para sintomas parecidos. Nem sempre a história clínica do atleta, seus sintomas e seu exame físico são suficientes para se obter o diagnóstico definitivo. Obviamente, algumas lesões têm características muito peculiares e, nestes casos, os ortopedistas não têm dificuldade alguma em determinar seus diagnósticos.
Ocorre, entretanto, que, devido à proximidade das estruturas anatômicas na região do calcanhar, algumas lesões podem ter sintomas semelhantes e confundir mesmo o ortopedista mais experiente.
Tanto nos casos mais simples, como nos casos mais difíceis, os métodos de Diagnóstico por Imagem participam no processo de avaliação destas lesões. Todos os exames podem ser úteis de alguma forma nesta avaliação: radiografias, ultra-sonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Em se tratando de lesões no calcanhar, as radiografias podem diagnosticar fraturas ou outras alterações não traumáticas que podem explicar a dor do atleta, como por exemplo, fratura por estresse, osteoartrose, esporões no calcâneo, deformidades congênitas ósseas ou articulares. Mesmo não sendo o método mais indicado para avaliar estruturas de partes moles como, por exemplo, tendões, as radiografias podem diagnosticar calcificações na região dos tendões e assim permitir eventualmente o diagnóstico de tendinopatias crônicas ("tendinites").
Freqüentemente a ultra-sonografia é indicada quando se suspeita de lesões agudas ou crônicas em tendões na região do calcanhar. A ultra-sonografia pode revelar alterações nos tendões flexores do pé e tornozelo, como, por exemplo, o tendão calcâneo (Aquiles), que pode apresentar sinais de tendinopatia crônica, comum em corredores.
Tomografia computadorizada - É um método excelente quando é necessária uma avaliação detalhada dos ossos e articulações. Isso ocorre em determinados casos de fraturas que comprometem a superfície articular, nos casos de lesão osteocondral, coalizão tarsal e deformidades.
Ressonância magnética - É um método do Diagnóstico por Imagem que pode fazer a diferença na avaliação da dor no calcanhar em atletas. Devido à sua excelente definição de imagem, e pela possibilidade de demonstrar detalhes de várias estruturas anatômicas de uma vez só, a ressonância magnética é o exame preferido por muitos especialistas em pé e tornozelo. Como estuda ao mesmo tempo ossos, cartilagens, tendões, ligamentos e músculos, a ressonância é capaz de fazer o diagnóstico diferencial das possíveis lesões do atleta. Como dito anteriormente, não é raro diagnosticarmos alterações bem diferentes daquelas suspeitas pelo ortopedista. Principalmente nos casos duvidosos.
A ressonância magnética tem se revelado o exame mais completo dentro da Radiologia e é muito bem indicada nos casos de suspeita de fratura por estresse, fraturas agudas ocultas às radiografias, lesões condrais (da cartilagem articular) e osteocondrais, roturas ligamentares agudas ou crônicas (devido a entorses), tenossinovites e tendinopatias, roturas tendinosas parciais ou completas, fasceíte plantar, bursite retrocalcaneana, entre outras menos comuns.
Assim, ortopedistas e médicos do esporte têm várias opções de métodos de Diagnóstico por Imagem que podem ser indicados isoladamente ou em conjunto para se obter o diagnóstico preciso e definitivo de uma lesão no calcanhar de atletas.
Atletismo · 22 maio, 2008
Resposta:Caro Romualdo, Ganglion cístico é uma lesão benigna, cística, contendo líquido sinovial, relativamente comum, que pode se localizar adjacente aos ligamentos cruzados do joelho, como no seu caso. Pode ou não ter significado clínico.
Resposta concedida pelo médico radiologista Milton Miszputen. Graduado em radiologia pela UNIFESP/Escola Paulista de Medicina, também é membro do setor de músculo-esquelético do departamento de diagnóstico por imagem e do CETE, ambos da UNIFESP/Escola Paulista de Medicina. Contato: www.milton.com.br/esporte
Atletismo · 26 mar, 2008
Meniscos são fibrocartilagens da articulação do joelho. Temos os meniscos medial e lateral. Eles desempenham algumas funções, principalmente amortecimento e estabilidade. Para que estas funções ocorram satisfatoriamente, é necessário que os meniscos estejam intactos ou preservados. Lesões meniscais podem ocorrer em atletas e não-atletas. Basicamente, dividimos as lesões em degenerativas e traumáticas.
As lesões degenerativas ocorrem de forma lenta e progressiva e podem surgir em pacientes com 30 anos ou mais. Estas lesões podem ser assintomáticas. Roturas meniscais geralmente são traumáticas e agudas. Podem também ocorrer sobre um menisco já com alterações degenerativas prévias. As roturas meniscais ocorrem em uma variedade de situações, como por exemplo, depois de uma entorse do joelho. As roturas são geralmente sintomáticas e levam o paciente a buscar auxílio médico.
Na grande maioria das vezes, a história do atleta e o exame físico realizado pelo médico são suficientes para se fazer o diagnóstico de uma lesão meniscal. Porém mesmo assim, exames de imagem são necessários para fornecer mais informações ao médico.
Radiografias não mostram diretamente os meniscos, mas ajudam ao mostrar se os espaços articulares estão normais ou reduzidos, ou se já há alterações osteoarticulares crônicas que acompanham lesões meniscais.
O melhor exame de imagem para a avaliação dos meniscos é a ressonância magnética (RM). A RM é indicada para diagnosticar o tipo exato da lesão (ex.: alterações degenerativas, roturas radiais, longitudinais, horizontais, complexas, ou tipo "alça de balde") e em que porção do menisco ela ocorreu (corno anterior, corpo ou corno posterior). Dessa forma, não apenas a RM pode diagnosticar detalhes sobre o tipo e a localização da lesão, como também seu tamanho e a sua extensão. Veja vários exemplos de lesões meniscais num corredor, visitando a página http://www.milton.com.br/esporte/casos/caso_66.htm
As informações obtidas pelo exame de RM serão essenciais para que o médico do atleta possa decidir pelo tipo de tratamento (conservador ou cirúrgico). Se optar pelo tratamento cirúrgico, a RM terá revelado informações fundamentais para que o médico escolha a melhor tática operatória para aquela situação específica, como, por exemplo, sutura ou meniscectomia (retirada parcial ou total de um menisco).
Além de revelar diretamente o estado dos meniscos, a RM é importante também para avaliar as demais estruturas do joelho, que podem ou não apresentar alterações associadas às lesões meniscais, como, por exemplo, lesões em cartilagem e osteoartrose, derrame articular, lesões ligamentares ou tendinosas, cistos peri-meniscais, etc. Outro papel da RM é fazer avaliação pós-operatória dos meniscos. Quando a RM convencional não é suficiente para isso, o médico pode indicar a realização de uma artro-RM, que é um exame de RM com contraste intra-articular.
Hoje em dia os exames de RM de joelho estão ficando cada vez mais acessíveis aos atletas e rápidos na sua execução e suas informações têm tido um papel fundamental para a decisão do médico sobre o tratamento a ser adotado.
Atletismo · 21 mar, 2008
Resposta: Sim Carlos, você deve fazer a ressonância magnética. Há várias indicações para a realização deste exame e você pode se enquadrar em duas:
1 - Seu médico já tem o diagnóstico clínico de uma determinada lesão, mas precisa saber o local exato dela e sua extensão;
2- Após o exame clínico, seu médico pode estar ainda em dúvida sobre que tipo de lesão você tem, e, portanto, o exame de ressonância magnética poderá diagnosticar se a lesão é de tendão, cartilagem, ligamento, menisco, e assim por diante. Com a ressonância magnética ele terá informações essenciais que o ajudarão a escolher o tipo de tratamento a ser adotado para você.
Resposta concedida pelo médico radiologista Milton Miszputen. Graduado em Radiologia pela UNIFESP/Escola Paulista de Medicina, também é membro do setor de músculo-esquelético do departamento de diagnóstico por imagem e do CETE, ambos da UNIFESP/Escola Paulista de Medicina. Contato: www.milton.com.br/esporte
Atletismo · 20 fev, 2008
O tendão patelar, que também pode ser chamado de ligamento patelar (ou ligamento da patela, que é o nome atual aceito pelos anatomistas) é local relativamente comum de lesões em atletas. Os esportes mais relacionados às lesões do tendão patelar são aqueles que geralmente envolvem saltos, como voleibol, basquetebol e algumas modalidades do atletismo. Devido à isso, a lesão do tendão patelar por trauma repetitivo recebeu o nome genérico de "joelho do saltador" (ou jumper's knee, em inglês). Mas essas lesões não são exclusividade desses esportes e ocorrem também em outras atividades, como corrida, futebol e tênis.
Para entender um pouco mais, o tendão patelar é a estrutura do joelho que liga a patela à tíbia. Faz parte do que é chamado mecanismo extensor do joelho, juntamente com o músculo anterior da coxa (quadríceps) e seu tendão e a própria patela. Com a contração do quadríceps, e com a integridade de todas essas estruturas, ocorre a extensão da perna.
As lesões do tendão patelar fazem parte de um grupo maior de doenças que causam o que os ortopedistas chamam de "dor anterior do joelho". Dessa forma, o atendimento médico visa o diagnóstico clínico da doença específica responsável pela dor do esportista. Basicamente, as lesões do tendão patelar são as tendinopatias ("tendinites"), com fases diferentes de gravidade, as rupturas parciais e as rupturas totais.
Tendinopatias leves, ou iniciais, podem causar um discreto espessamento do tendão e alteração de sua textura. Na medida em que a doença progride, o espessamento e a alteração da substância do tendão aumentam, e surgem alterações degenerativas (tendinose) acompanhadas ou não de calcificações. Geralmente as lesões ocorrem na porção proximal do tendão, ou seja, logo abaixo da sua origem na patela.
Nas fases mais avançadas dessa doença, surgem rupturas parciais no interior do tendão, que juntamente com as alterações teciduais, enfraquecem-no. Nesta fase o tendão lesionado já não possui a mesma resistência física (mecânica) que um tendão saudável. A maior complicação que pode ocorrer nesta lesão é a ruptura completa do tendão. Nesta situação há descontinuidade total das fibras e a ligação entre a patela e a tíbia se perde e o mecanismo extensor perde a sua função.
Os exames de imagem são excelentes para auxiliar os médicos no diagnóstico diferencial da dor anterior do joelho, especialmente as lesões do tendão patelar. Radiografias podem ter alguma utilidade no diagnóstico nas lesões do tendão patelar se demonstrarem calcificações ou espessamento na sua região e, nos casos de ruptura completa, se demonstrarem a patela deslocada superiormente, com ou sem fratura do seu pólo inferior.
Inegavelmente são a ultra-sonografia (US) e a ressonância magnética (RM) os dois métodos mais indicados para a avaliação desses atletas. Ambas podem detectar um espessamento heterogêneo do tendão, com ou sem focos de rupturas parciais. Pessoalmente, acho que a RM é superior à US na distinção entre áreas de degeneração e pequenas rupturas no interior de um tendão muito alterado e na avaliação da extensão de rupturas parciais. Ambos os métodos são excelentes para fazer um acompanhamento evolutivo da lesão.
O fato de o tendão ser superficial e grande facilita a sua avaliação pela US. Ainda assim, a RM é um exame mais completo. E isso se justifica na capacidade que a RM tem de avaliar a articulação do joelho como um todo. Além de estudar muito bem o tendão patelar, a RM avalia outras estruturas que podem apresentar lesão, provendo informações para o diagnóstico diferencial. Afinal, como mencionado anteriormente, há outras doenças ou lesões que podem simular os sintomas do tendão patelar, como condromalácia patelar, inflamação da gordura infra-patelar (de Hoffa), doença de Osgood-Schlatter, bursites e osteoartrose patelo-femural.
Ao receber um relatório de RM, o médico do atleta terá muitas informações para completar o diagnóstico clínico e iniciar o tratamento específico. E se a lesão já for conhecida, com um exame de controle, ele saberá como está a sua evolução, e poderá orientar o atleta de forma prevenir (ou pelo menos tentar) que a lesão progrida como, por exemplo, para uma ruptura total.
Concluindo, a RM é uma excelente ferramenta a serviço da medicina esportiva para o diagnóstico inicial de doenças do joelho, especialmente a lesão do tendão patelar, porque permitirá diagnosticá-la, graduá-la e diferenciá-la de outras alterações. Ao fazer o acompanhamento da lesão, fornecerá informações úteis para a prevenção de complicações.
Atletismo · 29 jan, 2008
Confira algumas perguntas e respostas sobre a Ressônancia Magnética, exame muitas vezes necessário para diagnosticar as lesões. Veja:
1- Vemos na imprensa muitas notícias sobre atletas que sofrem lesões e precisam de exames de Ressonância Magnética (RM). Só atletas profissionais precisam de exames mais sofisticados?
Não. Atletas profissionais, amadores ou recreacionais precisam sempre de um tratamento adequado. Se para algum deles for necessária a realização de uma RM para diagnóstico, então ele deverá fazê-la. Estes exames estão disponíveis para qualquer pessoa.
2- Por que um exame de RM é tão caro?
Isso se deve ao alto custo do equipamento e de sua manutenção e pela especialização do médico radiologista necessária para a execução e interpretação dos exames. Por outro lado, atualmente a maioria dos convênios médicos dá cobertura para exames de RM, portanto sem custos adicionais para os pacientes.
3- A RM é um bom meio para diagnosticar lesões esportivas?
Sim. A RM é o método de imagem que tem a melhor definição das estruturas anatômicas do sistema músculo-esquelético. Mas não é o único. Radiografias, ultra-sonografia e tomografia computadorizada também têm suas indicações.
4- Se a RM é o melhor exame para lesões músculo-esqueléticas, meu médico não deveria ter solicitado apenas esse exame, e em primeiro lugar?
Não, depende. A melhor forma de fazer diagnóstico por imagem é quando os exames são solicitados numa determinada ordem ou combinados entre si. E isso varia muito, dependendo da lesão, do atleta, e da opção do médico solicitante.
Ou seja, haverá casos em que uma radiografia simples bastará para o diagnóstico, ou casos em que será necessário uma combinação de radiografias, ultra-sonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, não obrigatoriamente todos estes e nem nessa ordem. Da mesma forma, há diagnósticos de não dependem de exames de RM ou mesmo de qualquer outro método de imagem.
5- A ressonância magnética usa radiação?
Não, a RM não usa radiação ionizante, como ocorre nas radiografias e tomografia computadorizadas. É um exame inócuo, que se baseia, simplificadamente, em campo eletromagnético e ondas de rádio. Pacientes grávidas com mais de 12 semanas de gestação já podem fazer este exame.
6- Tenho medo de fazer exame de RM porque acho que sou claustrofóbico.
Já há clínicas que possuem equipamento de alto campo magnético, cujo túnel (onde o paciente fica) é mais curto e mais largo, e que são tolerados pela grande maioria dos pacientes. Quando isso não for suficiente, o paciente poderá fazer seu exame sob sedação.
7-Exames de RM são sempre demorados?
Não. A duração do exame depende da rapidez do equipamento (que varia dependendo da "potência" do campo magnético) e da escolha do número de séries para o exame. Há exames de RM de joelho que duram menos de 20 minutos.
8- Equipamentos de RM de alto campo, baixo campo, campo aberto ou fechado. O que tudo isso significa?
Há equipamentos com campos magnéticos de diferentes "potências": desde 0,2T até 3,0T (T = Tesla). São chamados de baixo campo os de 0,2T e alto campo os de 1,5T, por exemplo. Com relação ao formato do aparelho, dizemos campo aberto para aqueles equipamentos em que o paciente não fica dentro de um túnel, mas sim sob um grande disco e campo fechado, quando o paciente se posiciona dentro de um túnel, aberto nas duas extremidades.
Porém já há equipamentos em que o túnel é tão mais curto e mais amplo de forma que o paciente fica com parte do corpo para fora dele, e com a vantagem de serem ao mesmo tempo equipamentos de alto campo magnético.
9- Por que às vezes é preciso tomar uma injeção de contraste para fazer uma RM? Há perigo nisso?
Em lesões esportivas a injeção intra-venosa de contraste é raramente necessária, mas, ocorrerá em casos onde há suspeita, por exemplo, de infecções, tumores, artrite, sinovite. Já o uso de contraste intra-articular (dentro da articulação) será necessário para artro-RM, que é uma modalidade para diagnosticar lesões intra-articulares especiais, como lesões em cartilagens, fibrocartilagens e osteocondrais. O contraste utilizado em RM não é o mesmo daquele utilizado em exames radiológicos e por tomografia computadorizada. As chances de reação alérgica na RM são muito menores e estatisticamente pouco significativas.
10- Tenho prótese. Posso fazer exame de RM?
Depende. Próteses metálicas ortopédicas, a depender de sua localização, não impedem a realização de uma RM, apesar de poder haver prejuízo na qualidade da imagem. Mas há sim contra-indicações absolutas para esse exame: marca-passo cardíaco, clips metálicos cirúrgicos (dependendo da sua localização), implantes no ouvido (cocleares), entre outros. O melhor é perguntar sobre os riscos para o médico que fez a cirurgia para a colocação da prótese, clip ou implante, ou se informar com a equipe da clínica radiológica.
Atletismo · 18 dez, 2007
Dores nas pernas em corredores podem ser de várias causas: musculares, tendinosas e ósseas. Duas delas são de especial interesse porque têm algumas semelhanças clínicas, porém, com graus de gravidade bem diferentes. Uma delas é a vulgarmente conhecida como "canelite", ou síndrome do estresse tibial medial. A outra é a fratura por estresse. O diagnóstico por imagem é um aliado importante do ortopedista e de seu paciente para se diagnosticar claramente qual das duas lesões o corredor apresenta. Vários são os exames de imagem que podem ajudar a classificar, graduar e, portanto, diagnosticar o problema.
A origem da "canelite", que agora em diante chamaremos de síndrome do estresse tibial medial (SETM), tem algumas teorias. É uma lesão crônica em corredores e em outros esportistas decorrente da sobrecarga no osso da tíbia e da tração excessiva na inserção do músculo sóleo (um músculo flexor do tornozelo) na margem póstero-medial da tíbia. Essa síndrome é classificada em quatro graus de gravidade. Alguns pesquisadores consideram a fratura por estresse como o grau IV da síndrome. Daí a necessidade de um diagnóstico precoce: ou seja, para que uma SETM não se transforme numa fratura por estresse.
Além da história clínica e exame físico da SETM e da fratura por estresse serem um pouco diferentes, o suficiente para o ortopedista suspeitar de uma ou de outra lesão, na maioria das vezes o atleta necessita de um exame de imagem para completar o diagnóstico.
A radiografia convencional é geralmente o primeiro exame a ser solicitado. No caso de uma SETM, o resultado é absolutamente normal. Já a fratura por estresse só é diagnosticada pelas radiografias depois de uns 15 dias de sua instalação, ou seja, o esportista já tem a fratura por estresse, mas a radiografia se atrasa em 15 dias para diagnosticá-la. Neste momento aparecem alterações radiológicas no osso, indicativas de fratura por estresse.
Mas o esportista, profissional, amador ou recreacional, não pode ficar esperando 15 dias pelo seu diagnóstico, pois seu treinamento e suas competições poderão ser alterados, dependendo do diagnóstico e da orientação médica. Então, o diagnóstico por imagem dispõe de mais exames para ajudar o corredor: a cintilografia óssea e a ressonância magnética (RM). Além de diagnosticarem precocemente a fratura por estresse, estes dois métodos vão fazer o diagnóstico diferencial entre a SETM e a fratura por estresse.
O exame de cintilografia óssea em três fases é realizado por meio de uma injeção intra-venosa de uma marcador radioativo (rádio-fármaco), que irá se concentrar em áreas de maior atividade óssea, como por exemplo, ao longo da tíbia, de forma sutil no caso de uma SETM e num formato ovalado, localizado e intenso, no caso de uma fratura por estresse. Variações nestas apresentações ocorrem e o diagnóstico vem da interpretação dos achados pelo médico nuclear e pelo ortopedista.
A ressonância magnética (RM) é o melhor exame de imagem para avaliar lesões crônicas de origem músculo-esquelética em corredores. É tão precoce, ou mais, que a cintilografia óssea para detectar as alterações da SETM e da fratura por estresse, e pode não necessitar de injeção de contraste.
Não precisamos entrar em detalhes aqui sobre os aspectos de imagem que fazem o diagnóstico diferencial entre estas lesões, tão comuns em esportistas, mas podemos explicar que os sinais identificados pela ressonância magnética variam desde alterações inflamatórias em tecidos moles da região ântero-medial da perna (edema em planos gordurosos) até alterações ósseas progressivas na medular óssea (tutano), e fratura na cortical óssea. Ou seja, trata-se de um espectro de alterações, gradativas, que ao serem detectadas pela ressonância magnética, permitem-nos classificar a lesão.
São considerados três estágios de SETM: I, II e III. O grau IV já é a própria fratura por estresse. Assim, fica evidente a importância de um exame de RM para um corredor, pois o tratamento e a orientação médica que se seguirão, poderão ser totalmente diferentes.
Além da adequada avaliação destas lesões, a ressonância magnética acaba sendo muito útil, pois pode fazer diagnóstico de lesões em outras estruturas, no mesmo exame, que poderiam causar dor e quadro clínico semelhantes aos da SETM e fratura por estresse, como algumas tendinopatias e lesões musculares crônicas.
A tomografia computadorizada pode ser indicada nos casos já diagnosticados de fratura por estresse, quando o objetivo for analisar detalhes da fratura e da região acometida.
Atletismo · 16 nov, 2007
Atletas podem apresentar lesões agudas ou crônicas em tendões. As primeiras são freqüentemente rupturas - parciais ou totais, relacionadas a um trauma, e as últimas surgem por sobrecarga.
Em corredores, por exemplo, essas lesões ocorrem com certa freqüência na região do pé e tornozelo, especialmente no tendão calcâneo (aquiles), no tendão tibial posterior e nos tendões fibulares, que se localizam, respectivamente nas regiões posterior, medial e lateral do tornozelo.
Os métodos de Diagnóstico por Imagem são excelentes aliados dos ortopedistas e médicos do esporte para o diagnóstico destas lesões. Embora as radiografias não possam produzir imagens nítidas de estruturas de partes moles, como os tendões, elas são usualmente realizadas inicialmente na investigação da dor do esportista. E serão muito úteis caso diagnostiquem calcificação na região de um tendão, ou um esporão ósseo (no caso do calcâneo), ou mesmo um aumento do volume das partes moles, significando indícios de lesões a serem investigadas.
O exame de ultra-sonografia (US), realizado prontamente como primeiro exame ou após a realização de radiografias, destaca-se pela capacidade de poder analisar com qualidade os tendões. Ao se realizar um exame de US, o médico ultra-sonografista avalia se os tendões estão normais ou alterados. Resumidamente, as alterações possíveis de serem encontradas nos exames de US são: tendão espessado (com ou sem heterogeneidade de sua textura), presença de calcificações, rupturas parciais ou totais de suas fibras, e líquido em quantidade anormal em sua bainha sinovial (membrana que envolve o tendão).
Tendões com bainha sinovial, como o tendão tibial posterior e os tendões fibulares, que apresentarem aumento anormal de líquido na bainha, são diagnosticados como tenossinovite, fundamentalmente uma alteração inflamatória. Essa foi a lesão que pode ter acometido o maratonista Marílson Gomes antes da Maratona de Nova York.
Tendões que não têm bainha sinovial, como o tendão calcâneo, que se apresentarem com espessamento heterogêneo de suas fibras, são diagnosticados como tendinopatia crônica ou tendinose, que são alterações degenerativas. Estas alterações podem ou não ser acompanhadas de alterações na região ao redor do tendão, como bursite ou processo inflamatório em planos gordurosos (edema). Eventualmente, caso se detecte a presença de calcificações em tendões, o diagnóstico é de tendinopatia crônica calcárea. Tendões que apresentam tendinopatia crônica/tendinose estão mais sujeitos a rupturas.
Em caso de rupturas, o médico ultra-sonografista deve avaliar a extensão da lesão, principalmente classificando-a em ruptura parcial ou total, uma vez que isso determinará o tratamento a ser adotado pelo médico do atleta.
Ressonância -A ressonância magnética (RM) é, dentre todos os exames de imagem, a que produz melhor definição e diferenciação entre as estruturas do sistema músculo-esquelético. Além disso, é capaz de produzir imagens de toda a articulação e não se limitar aos planos superficiais, que é uma desvantagem da ultra-sonografia.
Dessa forma, além de a RM poder fazer os diagnósticos ao alcance da ultra-sonografia, acima descritos, permite que se demonstre outras possíveis causas de dor no tornozelo, como por exemplo: lesões ligamentares crônicas, fratura por estresse, lesões condrais (de cartilagem). Estas lesões podem, em alguns casos, causar sintomas semelhantes às de lesões tendinosas, ou acompanharem as tendinopatias. Assim, o médico obterá ainda mais informações fundamentais para iniciar o tratamento do esportista.
A tomografia computadorizada, apesar de ser muito útil na radiologia das lesões nos esportes, não tem um papel decisivo no diagnóstico de lesões em tendões. Por fim, a combinação racional dos exames de imagem solicitados pelo médico especialista poderá diagnosticar e graduar adequadamente vários tipos de lesão em atletas, e isso será ponto de partida fundamental para um bom tratamento.
Atletismo · 24 mar, 2025
Atletismo · 21 mar, 2025
Eventos · 21 mar, 2025
Lançamento · 19 mar, 2025