O atleta Leandro dos Santos Oliveira sofreu com um cachorro solto durante uma prova em 2006 (foto: Renato Cukier/ www.webrun.com.br)
Em função das provas mais longas para as quais estou treinando, além dos treinos no Parque do Ibirapuera e na USP, ultimamente tenho corrido muito pelas ruas perto de minha casa, sobretudo de manhã bem cedo. Correr na rua, não sendo em horário de muito trânsito e poluição é muito agradável e nos dá uma grande sensação de liberdade, mas uma coisa sempre me preocupou muito: os cachorros soltos!
Sou fã número 1 dos quatro patas, tenho uma aqui em casa que nos adotamos abandonada na rua, que pega o chinelo quando chegamos e tudo mais. Se pudesse teria vários, mas soltos nas ruas é algo bem complicado e preferível não arriscar. Embora nunca tenha sido vítima, já vi algumas pessoas sendo mordidas em parques, inclusive um colega meu que treinava para uma grande maratona nos EUA e quase ficou de fora. Quando você passa correndo, o animal pode interpretar que você está fugindo e com medo.
Outro dia fui fazer um treino de subidas e descidas em meu bairro e quando estava chegando na subida principal, cruzei com um grupo de seis cachorros soltos. Quando é um só, finjo que não vejo, diminuo o ritmo, passo e depois continuo, mas com aqueles todos, grandes, olhando para mim com cara de poucos amigos, ainda mais agora que estou mais magrinho, achei mais inteligente fazer meia volta e deixar a tal subida de lado. Depois que terminei o treino acabei lembrando aquela famosa música Who Lets The Gogs Out? (Quem soltou os cachorros?)
Anos atrás uma pessoa ia treinar na USP com cão da raça Rottweiller, sem coleira nem guia curta de condução, enforcador e fucinheira. Isso é proibido por leiem parques municipais,
de acordo com a Portaria 4/05- da SVMA- Secretaria de Verde e Meio Ambiente, que foi estabelecida considerando a legislação municipal (lei 10.309, de 22 de abril de 1987 e lei 13.131 de 18 de maio de 2001), a legislação estadual (Lei Estadual 11531 de 11 de novembro de 2003) e federal (Lei das Contravenções Penais – Decreto Lei Federal 3688 de 03 de outubro de 1941) que tratam da condução responsável de animais.
Tudo bem, o cachorro até pode ser manso, embora não seja algo tão comum em algumas raças e dependa muito do tipo de tratamento que os donos derem. Mas se nós, que somos racionais, já temos nossos famosos cinco minutos e de vez em quando perdemos a compostura, imaginem um cão sem coleira tendo uma crise em meio a um grande grupo de pessoas correndo, andando, pedalando e etc.
Uma pesquisa de 2009 mostra que em São Paulo, 10 pessoas por hora foram atacadas por cães ferozes, o que dá uma média de 240 por dia e 87.600 por ano. A população canina no país é simplesmente a segunda maior do mundo, com cerca de 30 milhões, perdendo apenas para os EUA com cerca de 61 milhões. O pior é que muitas pessoas abandonam seus cães na rua quando vão viajar e não tem aonde os deixar, ou quando acham que não tem mais condições de cuidar. Além de muito cruel e covarde, este ato é criminoso, pois de acordo com a Lei 9.605/98, abandono de animal é crime e a pena é de um a três meses de reclusão, ou multa de R$ 500 por animal abandonado.
Há algumas ONGs (Organizações Não-governamentais) no país que cuidam de cachorros abandonados. São grupos de voluntários na luta contra o abandono de animais e da conscientização das pessoas, que realizam castrações em comunidades carentes e auxílio propriamente dito a cães abandonados, que após receberem os primeiros cuidados, são castrados e encaminhados a doações.
Não sou veterinário, nem alguém entendido em psicologia canina, mas quando você estiver correndo e ver um cachorro solto, na dúvida é mais recomendável fazer um pequeno intervalo e andar do outro lado da calçada, evitar olhar direto nos olhos dele, ou simplesmente modificar o caminho. Os Greyhounds, que são os galgos mais velozes, podem atingir até 75km/h, os Pitt Bulls cerca de 48.270 km/hora e já que Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo chegou a máxima de 44,72 km/hora, para escapar de um dog correndo só se você tiver muita sorte!
No mais, recomendo que cuidem muito bem de seus animais, tratando-os com todo amor, carinho, atenção e nunca esquecendo de sempre os levar para passear com coleira e guia. Para adotar ou apadrinhar um cão, sugiro que acessem o site www.patinhasonline.com.br.
Bons treinos a todos nós e muita saúde ao melhor amigo do homem!
Este texto foi escrito por: Nelson Evêncio