No Brasil, Marily fala das dificuldades enfrentadas em Pequim

Redação Webrun | Maratona · 28 ago, 2008

Marily foi a única brasileira na maratona olímpica (foto: Ricardo Leizer/ www.webrun.com.br)
Marily foi a única brasileira na maratona olímpica (foto: Ricardo Leizer/ www.webrun.com.br)

Depois de estar nos Jogos Olímpicos de Pequim como única brasileira na maratona, Marily dos Santos conta como foi a sua participação no evento e revela alguns problemas do Comitê Olímpico Brasileiro. Confira!

São Paulo – Estar entre as 70 melhores atletas do mundo representando uma nação na maratona olímpica não é para qualquer um. Mas aos 30 anos, a alagoana Marily dos Santos teve essa oportunidade. Única mulher brasileira que conquistou o índice “A” para a maratona olímpica, com 2h36min21, Marily correu e completou a prova de Pequim.

A maratonista ficou na 52ª posição, resultado que para ela poderia ser bem melhor, mas isso não aconteceu porque a brasileira passou por algumas dificuldades antes da maratona. Uma delas com sua roupa de competição.

Como é de conhecimento de muitos, todo atleta precisa de equipamentos básicos para praticar uma modalidade. O corredor, por exemplo, deve usar um bom par de tênis e roupas confortáveis, coisa que Marily foi privada.

De acordo com a atleta, o Comitê Olímpico Brasileiro iria entregar o uniforme de competição em Pequim, porém, eles não cumpriram com o prometido. “A primeira coisa que um corredor coloca na mala é a roupa de competição e o tênis. Eu sai do Brasil com várias roupas de passeio fornecidas pelo Comitê. E quando eu cheguei lá, o Comitê Olímpico Brasileiro falou que havia esquecido o meu uniforme”, revela.

Sem uniformes, Marily precisou correr com a camiseta do maratonista Franck Caldeira, bem maior que o seu número. “A camiseta grande atrapalhou um bocado. Logo no início da prova não senti muito incômodo, mas depois de colocar água na cabeça e suar, a camiseta começou a ficar pesada. Além disso, a costura da camiseta ficou raspando na minha coxa e o local ficou ardendo”.

Por causa desse imprevisto, Marily não conseguiu atingir seu objetivo principal na maratona. Ela queria chegar entre as 40 primeiras e fechar a prova em 2h33min. “Dei o melhor de mim dentro das condições que tinha lá”, conta. “Algumas chateações deixam a gente meio travada. Isso não é uma desculpa pelo meu desempenho, mas é apenas um desabafo para não acontecer de novo com outra pessoa”, acrescenta.

O treinador – Além do episódio da camiseta, Marily não contou com o apoio do seu treinador, Gilmário Mendes, que ficou no Brasil. De acordo com a atleta, o Comitê Olímpico Brasileiro chegou a pedir o passaporte e visto de Gilmário, mas de última hora negaram a ida dele.

“Ele queria ir para Pequim colocando dinheiro do bolso dele, mesmo assim não deixaram. E não foi falta de comunicação entre nós o Comitê e Confederação (de Atletismo) porque ficamos tentando isso desde quando eu alcancei o índice”.

Ainda segundo Marily, o momento em que mais pensou no seu treinador foi na chegada da maratona dentro do Estádio Ninho de Pássaro. “Quando cheguei no estádio pensei na falta do meu treinador. Queria uma pessoa para me ajudar antes, para comprar um remédio para cólica, por exemplo, para gritar e me dar apoio na chegada”, conta. “Eu vi atleta lá em Pequim com dois técnicos. Eu sei que era alguém que merece muito, que já tem medalha, mas é muito para alguns e pouco para outros”.

Sem o acompanhamento de seu técnico, no dia da prova Marily teve o acompanhamento de outros treinadores. Eles foram responsáveis por levar e buscar a atleta na prova. Mas nem isso aconteceu. “Fiquei sabendo que no meio da prova essas pessoas foram fazer compras. Eu terminei a prova e fiquei sem saber o que fazer”.

Com isso, logo depois que concluiu a maratona, Marily se juntou com as atletas de Portugal para voltar à Vila Olímpica. Logo depois, ela encontrou o Chefe da Delegação do Atletismo Brasileiro, Martinho Santos, que segundo ela, foi a pessoa que mais a ajudou em Pequim.

Ao deixar de lado alguns inconvenientes que marcaram sua jornada na China, Marily revelou que participar de um evento como a Olimpíada é algo sem descrição. “O que eu senti foi uma emoção muito grande por ser minha primeira Olimpíada. Foi uma emoção que eu não achei que fosse sentir na minha vida”.

Futuro – Agora Marily particpa de provas mais curtas e em setembro deve tirar férias. “Apenas sete dias”, enfatiza. Depois ela se prepara para a Volta da Pampulha, em Belo Horizonte, e para a São Silvestre.

Este texto foi escrito por: Donata Lustosa

Redação Webrun

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