O que são os limiares ventilatórios e como podem influenciar na corrida?

Newton Nunes | Treinamento · 26 nov, 2020

Os limiares ventilatórios são de fundamental importância na prescrição de treinamento físico de corredores. Eles definem as zonas de treino coerentes com cada objetivo do praticante. Existem dois limiares ventilatórios obtidos através da avaliação cardiopulmonar: o limiar anaeróbio e o ponto de descompensação respiratória.

O limiar anaeróbio é o momento do início de um maior tamponamento, ou seja, a intensidade do exercício começa a acumular íons H e lactato sanguíneo, alterando o pH e estimulando um incremento na ventilação.

O que são os limiares ventilatórios e como podem influenciar na corrida?

Foto: Adobe Stock

O lactato produzido tanto no repouso (pequenas quantidades) quanto no exercício, devem ser tamponados e eliminados prevenindo seu acúmulo. Porém, quando a produção é maior que a remoção haverá um acúmulo de lactato, prejudicando a homeostase interna e o rendimento esportivo durante a corrida. O treinamento físico aeróbio produz adaptações celulares que aceleram os ritmos de remoção de lactato, fazendo com que o acúmulo ocorra somente em altas intensidades de exercícios.

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A zona entre os limiares ventilatórios é chamada de zona aeróbia, sendo que a faixa acima do segundo limiar ventilatório é chamada de zona anaeróbia. Estas faixas são de fundamental importância na definição das frequências cardíacas e velocidades na pista e esteira que um corredor deve treinar. 

Durante o exercício, o lactato sanguíneo começa a aumentar exponencialmente em intensidades acima de 60% da capacidade máxima em uma pessoa sedentária. A formação de lactato aumenta para níveis progressivamente mais altos em exercícios de alta intensidade quando o músculo ativo não consegue atender as necessidades energéticas com o predomínio do metabolismo aeróbio.

O que são os limiares ventilatórios e como podem influenciar na corrida?

Os indivíduos treinados exibem um padrão semelhante de comportamento da curva de lactato, exceto para o ponto no qual o aumento de lactato no sangue ocorre bruscamente. Este ponto brusco de aumento de lactato sanguíneo também é conhecido como limiar de lactato sanguíneo, ou OBLA (onset of blood lactate accumulation), ou ainda como início de acúmulo de lactato sanguíneo.

A intensidade de exercício no ponto de acúmulo do lactato (limiar do lactato sanguíneo) consegue predizer enfaticamente o desempenho no exercício aeróbio, fato que auxilia na prescrição do treinamento.

O limiar anaeróbio ou aeróbio é o momento do início de um maior tamponamento, ou seja, é a intensidade do exercício onde começa a acumular íons H e lactato sanguíneo, alterando o pH e estimulando um incremento na ventilação. Este momento acredito que seja melhor chamá-lo de limiar aeróbio, pois existe o predomínio do metabolismo oxidativo aeróbio, sendo a intensidade mínima de treino aeróbio que a pessoa deve realizar.

As pessoas condicionadas exibem um padrão semelhante de comportamento da curva de lactato, exceto para o ponto no qual o aumento de lactato no sangue se dá bruscamente. Este ponto brusco de aumento de lactato sanguíneo, conhecido como limiar de lactato sanguíneo (também chamado de OBLA- onset of blood lactate accumulation- início de acúmulo de lactato sanguíneo) acontece em intensidades mais elevadas nas pessoas condicionadas. Este momento acredito que seja melhor chamá-lo de ponto de descompensação respiratória, ou seja, o início da descompensação respiratória e metabólica.

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A intensidade de exercício no ponto de acúmulo do lactato (limiar do lactato sanguíneo) consegue predizer enfaticamente o desempenho no exercício aeróbio auxiliando na prescrição do treinamento. Com isso, acredito que o mais coerente seria denominar o primeiro limiar ventilatório de limiar aeróbio e o segundo limiar ventilatório de limiar anaeróbio ou melhor, ponto de descompensação respiratória. Vejam mais informações no Youtube: Área de Treino.

Newton Nunes

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Formado em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP) em 1992. Servidor Público pelo Hospital das Clínicas (HC FMUSP) e Professor pelo Instituto do Coração (InCor) desde Março de 1994. Especialista em Reabilitação Cardiovascular pelo Instituto do Coração (1993 a 1994). MESTRADO pela USP em 2000. DOUTORADO pela USP em 2005. Professor da Universidade Gama Filho, UNIFMU e FEFISA desde 2002. Professor da Universidade Estácio de Sá.