Eu me venci: sub 2h nos 21k da SP City Marathon

1kdecada | Corrida de rua · 30 jul, 2024

Eu me venci: sub 2h nos 21k da SP City Marathon
SP City: minha prova escolhida para tentar o sub 2h/ Foto: Fotop

Conheci a SP City Marathon um ano antes da pandemia, em 2019. Depois de uma passagem rápida por uma empresa que era focada em produtos de beleza, voltei ligeira para o mundo das corridas e foi na Iguana que me reconectei com o esporte.

Fui jornalista e colaboradora do site Sua Corrida e WRun por pouco mais de um ano, com a pandemia acabei saindo da empresa, mas nesse tempo pude participar de algumas provas. Na SP City acabei só trabalhando e fazendo parte da entrega de kits e da linha de chegada.

Neste ano, nossos caminhos se cruzaram de novo e, desta vez, escolhi os 21km da SP City para ser minha prova alvo nos treinamentos. Foram quase 3 meses de preparação em uma nova assessoria comandada por uma mulher, e o objetivo era correr esses quilômetros infinitos em um pace que me fizesse terminar a prova em menos de 2h.

Sim, isso significa manter um pace de no mínimo 5’35 de média. Isso não é algo fácil. Não pra mim.

Durante os treinos tive dias bons e ruins. Uns dois treinos em particular me desmotivaram, todos os outros provaram que eu conseguiria. No meio da jornada ouvi de pessoas que tinha sido uma péssima escolha ir para aquela prova em busca de um RP, afinal a temida 23 de maio poderia atrapalhar os meus planos.

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Eu me venci: sub 2h nos 21k da SP City Marathon
Foto: Fotop

Agora vocês vão saber se ela realmente atrapalhou.

O dia da prova começou 3h30 da manhã com poucas horas de sono. Já me conformei que um dia antes de eventos como esse não durmo bem. Não é algo que atrapalhe minha performance, já sou super ciente disso e deixo pra dormir bem ao longo de toda semana anterior e no pós.

Depois de tomar meu café delicioso, porque sim, já acordei morrendo de fome, peguei meu Uber agendado e cheguei com bastante antecedência na largada da prova. Aprendi (na dor) que em eventos como esse não dá para marcar bobeira e chegar em cima da hora.

Largada dada às 5h45. Corredores bifurcados. Parti para o meu objetivo que já enfrentou grandes subidas logo no início da prova.

Não me abalei. Subi firme. Mantive o pace. Ultrapassei os mais lentos.

Segui pelo centro olhando pouco o trajeto. Costumo ficar bem concentrada em momentos como esse. Na verdade, acho que nunca vivi uma prova especificamente para entregar um pace tão baixo, então era tudo tão novo, que decidi focar mais na minha respiração do que nas velhas novidades do Centro de São Paulo.

Bonitas e iluminadas dei poucas olhadas em volta, mas vi o Teatro Municipal, Catedral da Sé, esquinas de bares movimentados, uma rave no meio do caminho, até chegar a descida que me levou a tão temida avenida.

Ao descer a rampa de acesso para 23 de Maio, ouvi logo ao meu lado “agora que começa a corrida”. Pensei que era impossível porque já tinha uns 8km na conta… Coitada.

O negócio subiu SEM PARAR por uns 3 km quase.

E eu fui subindo. Assim como o meu pace. Ele subiu tanto que consegui me lembrar das pessoas me avisando que aquilo tinha sido uma péssima escolha.

Tinha, né? Mas eu já estava lá e segui subindo.

Pensei que estava muito longe para parar e pedir um uber. Nunca ia chegar no Jockey de Uber, estava tudo interditado. Também pensei que seria muita vergonha desistir, já tinha corrido metade. Depois pensei que ainda dava, era só correr aquele um minuto que perdi na subida.

Até que a descida veio e assim como desci, meu pace desceu. Escolhi em cada uma das descidas soltar meu corpo e respirar, deixar o pulmão encher de ar e ir em frente. Nas retas eu conseguia manter o pace, tentei não exagerar para não perder a mão. Nas subidas restantes dava o que sobrou de mim.

Até que 10 min para encerrar minhas possibilidades de sub 2h, eu tinha 1,5km para percorrer. Eu sabia que conseguiria. Treinei para isso. Sempre tem aquela % a mais que a gente acha que já acabou, mas que ela está ali. David Goggins que falou. Eu li.

E ela existe mesmo. Eu avancei, ultrapassei, desviei, acelerei, tive dor para respirar e consegui.

Cheguei direto com a mão no joelho.

Ouvi os parabéns daqueles que diziam: “essa galera que cruzou bateu o sub2h”. Respirei e busquei ar na agonia do cansaço. Depois gritei na alegria do inacreditável.

Eu consegui. Era impossível. Não é mais.

O que é impossível? Hoje algumas coisas. Amanhã uma a menos dela.

E assim eu consegui, com alguns metros a mais, GPS’s confusos pelos túneis e prédios infinitos da capital paulista.

Eu consegui. Bati meu RP de longe que era 2h’11. Eu corri 21km em menos de 2h.

Eu me venci 🙂

Eu me venci: sub 2h nos 21k da SP City Marathon
Medalha e RP na SP City/ Foto: arquivo pessoal

Chris Volpe é santista, triatleta, corredora e faladeira - não necessariamente nessa ordem: "Se pudesse faria todos os esportes ao mesmo tempo, enquanto isso não é possível vou fazendo um de cada vez". Passou por veículos como Webrun, Sua Corrida e WRun, além de participar e cobrir de diversos eventos do mundo running. No Instagram: @volpechriss