O que você leva na sua mochila?
Qual peso da sua mochila?
Você treina com a mochila pesada ou mochila leve?
O trail running é um esporte em que, geralmente, é utilizada uma mochila de hidratação. Em muitas provas este item é obrigatório. E, se você vai se aventurar pelas trilhas e morros de sua região, com toda certeza estará com uma mochila nas costas. Neste sentido, existe um princípio (uma espécie de regra geral) do treinamento físico, chamado “princípio da especificidade”, ele fala que quanto mais especifico for o seu treinamento, melhor vai ser o seu desempenho no esporte que você pratica.
Então, se você corre provas de trail running, certamente você treina com a sua mochila. Alguns treinadores defendem a utilização da mochila com “peso extra” em treinos, outros preferem que seus atletas treinem da forma mais leve possível e, só coloque “peso” no dia da prova.
Mas, qual seria o melhor caminho? Neste caso, não existe certo ou errado, vai depender da linha de raciocínio que o seu treinador segue.
Eu gosto de utilizar, com os atletas que treino, a mochila com “peso extra”. Na minha visão, ela prepara melhor o atleta para o dia da prova. É como a célebre frase de motivação “Treino difícil, prova fácil.” Porém, prefiro não me basear, somente, na minha opinião ou experiência. Gosto de buscar evidências científicas para a utilização de cada método de treinamento.
Com relação às cargas “extras” é bem difícil de encontrar dados. Existe alguns estudos com corredores de aventura, que é um esporte parecido. Um desses estudos (Realizado na UFRGS em 2013), demonstra que, com a utilização de carga há uma diminuição da velocidade do seu consumo máximo de oxigênio ( É a taxa máxima que o organismo de um indivíduo tem de captar e utilizar o oxigênio do ar que está inspirando para gerar trabalho. VO2 refere-se ao consumo de oxigênio pelo organismo numa determinada intensidade de exercício). Em média, para cada 1% de carga adicionada (percentual da massa corporal do individuo) ele perde 1% de velocidade (Km/h). Trocando em miúdos, você se adapta a carga, perde um pouco de velocidade, mas o esforço continua o mesmo.
É um aspecto extremamente teórico, entretanto, na prática, utilizo sempre uma carga extra para que gere um desconforto, aumente o esforço, adapte o metabolismo e fortaleça a musculatura específica. Isso é de extrema importância para melhorar a economia de corrida do atleta. Quanto menos energia ele gastar em uma ultramaratona, por exemplo, melhor vai ser seu resultado. Por isso, não sei se você já notou, mas os atletas de elite utilizam a mochila com o menor peso possível, tudo isso porque para elite, qualquer perda de velocidade afeta o desempenho.
Então, sempre falo para os meus atletas, para realizarem os longos com “carga extra” e, dentro da periodização incluo esta carga até em alguns treinos semanais. Outro ponto que considero relevante e que, muitas vezes, é esquecido: Levar todo o material obrigatório que sua prova exige em todos os treinos, assim, quando você for realizar sua “prova alvo” você já sabe onde está alocado cada item na sua mochila e, muito importante,se cabe todo o material obrigatório na mochila que você vai querer usar.
Está em busca de novos desafios? Dá uma olhada nessas corridas de trail!
Já tive muito amigo que treinava com mochila leve, só com a água necessária para o determinado treino, se adaptou a mochila e, quando foi realizar a prova, descobriu que sua mochila não comportava os itens obrigatórios. Nesta história específica, este amigo teve que comprar uma mochila e utilizar somente na prova, além de ganhar umas assaduras de brinde.
A discussão dentro deste assunto é longa, existem outros parâmetros para salientar, como, por exemplo, é melhor utilizar mochila mais acima nas costas ou cintos mais robustos apoiados na lombar? Quanto de carga seria ideal para melhorar minha economia de corrida?
Deixarei essas discussões para outros textos.
Você treina como, mochila cheia ou vazia? Deixe seu comentário contando sua experiência com este tipo de treinamento.