Como os problemas respiratórios podem comprometer a qualidade de vida e performance do corredor

Roberto Beck | Corrida · 07 nov, 2024

Olá amigos corredores. Aqui o Dr. Roberto Beck e dessa vez nosso papo é como a respiração pode afetar a performance na corrida. Atualmente, a corrida é uma das atividades físicas mais populares, democráticas e eficazes para manter a saúde cardiovascular, melhorar o condicionamento físico e promover o bem-estar geral. No entanto, para um corredor, a capacidade de respirar adequadamente é fundamental e, muitas vezes, subestimada. O que muitos não percebem é o quanto problemas respiratórios podem afetar negativamente a qualidade da corrida e o desempenho atlético.

Como os problemas respiratórios podem comprometer a qualidade de vida e performance do corredor
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O papel da respiração na corrida

Durante a corrida, os músculos do corpo precisam de uma grande quantidade de oxigênio para produzir energia, principalmente por meio do metabolismo aeróbico. Isso significa que quanto mais intenso o exercício, maior é a demanda por oxigênio e maior a necessidade de eliminar dióxido de carbono. Portanto, a eficiência respiratória é crucial para manter o ritmo e o desempenho.

A presença de problemas respiratórios, como asma, rinite alérgica, ou até mesmo obstruções nas vias aéreas superiores, pode afetar a entrega de oxigênio aos músculos que será comprometida. A menor disponibilidade de oxigênio resulta em fadiga mais rápida, diminuição da resistência e, consequentemente, pior performance.

Problemas respiratórios comuns em corredores

  1. Obstruções nasais ou sinusite: condições que dificultam a respiração nasal como os desvios de septo e bloqueios da drenagem dos meatos dos seios da face, também impactam o desempenho. A respiração nasal ajuda a umidificar e filtrar o ar, além de regular o ritmo respiratório. Quando o corredor não consegue usar o nariz para respirar adequadamente, pode sentir maior desconforto e ter uma piora no rendimento.
  2. Asma induzida por exercício (AIE): é uma condição em que o exercício físico desencadeia o estreitamento das vias aéreas inferiores, dificultando a respiração. Os sintomas incluem falta de ar, chiado no peito e tosse. Durante a corrida, isso pode levar a uma queda significativa no rendimento e até podem obrigar o corredor a parar.
  3. Rinite alérgica: é uma inflamação das mucosas nasais causada por alérgenos e irritantes, bastante comuns nos treinos outodoor. A rinite pode parecer inofensiva, mas congestiona as vias aéreas, obrigando o corredor a respirar pela boca, tornando a respiração menos eficiente, aumentando a sensação de cansaço e reduzindo a oxigenação dos tecidos.

O impacto fisiológico na performance

Quando um corredor tem dificuldades respiratórias, ocorre uma série de adaptações fisiológicas que não são ideais. O coração precisa trabalhar mais para compensar a falta de oxigênio nos músculos, aumentando a frequência cardíaca. A respiração mais superficial ou rápida pode levar a um acúmulo de dióxido de carbono no sangue, causando uma sensação de exaustão prematura e prejudicando a capacidade de manter um ritmo constante.

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Além disso, a má oxigenação dos músculos leva à produção de ácido lático mais cedo, causando dor muscular e sensação de queimação, o que limita o desempenho e a distância percorrida.

Dicas para corredores que sofrem com problemas respiratórios

  1. Consulta médica: é essencial que corredores com problemas respiratórios já diagnosticados, consultem um médico, otorrinolaringologista ou pneumologista, para avaliar a gravidade da condição e prescrever tratamentos adequados, como o uso de broncodilatadores no caso de asma e identificar alterações anatômicas nasais.
  2. Controle de alergias: se a rinite alérgica for um problema, estratégias como o uso de medicamentos antialérgicos, limpeza das vias aéreas com soluções salinas e evitar alérgenos são importantes para melhorar a respiração durante a corrida.
  3. Treinamento respiratório: exercícios para fortalecer o diafragma e melhorar a capacidade pulmonar podem ser benéficos. Técnicas como a respiração profunda e controlada, podem ajudar a aumentar a eficiência da captação de oxigênio.
  4. Hidratação adequada: manter-se bem hidratado ajuda as vias aéreas a permanecerem úmidas e a facilitar a respiração, especialmente em ambientes secos ou em climas frios.

Lembre-se: a respiração é um componente essencial para a performance na corrida. Problemas respiratórios, mesmo os que parecem simples, podem ter um grande impacto na qualidade do exercício e no desempenho do corredor. Por isso, é importante identificar e tratar adequadamente essas condições, além de adotar práticas que ajudem a maximizar a eficiência respiratória. Afinal, correr com eficiência não é apenas uma questão de força muscular, mas também de como o corpo consegue otimizar o uso do oxigênio disponível.

Roberto Beck

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Dr. Roberto Beck é médico otorrinolaringologista e doutor pela Faculdade de Medicina da USP, atendendo na Care Club e na Clínica Gatti. Trabalha com cannabis medicinal e é médico-assistente do Departamento de Otorrinolaringologia do HC-FMUSP. Fez seu fellowship em eletroneurofisiologia da audição e monitoramento intra-operatório de nervos cranianos. É membro da comissão de título de Especialista da ABORL-CCF.